Revisão da NBR 6122 traz novidades no projeto e execução de fundações

Postado em 30 de setembro de 2020 por

Equipamentos e metodologias executivas foram incorporados ao texto da ABNT NBR 6122. As inovações estão relacionadas aos concretos utilizados, considerações em relação à ação do vento e à quantidade de provas de carga exigidas

A atualização de normas técnicas é um processo importante e necessário para adequar as exigências às novas práticas e inovações desenvolvidas pelo mercado. Elaborada em 1996 e submetida a uma revisão em 2010, a ABNT NBR 6122 – Projeto e Execução de Fundações passou recentemente por esse processo de atualização. O novo texto, elaborado após mobilização da comunidade geotécnica desde 2016, já foi submetido à consulta pública e deve entrar em vigor ainda no primeiro semestre de 2019. A norma dispõe dos critérios gerais que regem as fundações de todas as estruturas convencionais da engenharia civil, incluindo residências, edifícios, pontes e viadutos.

A revisão é bastante abrangente e buscou alinhar a norma de fundações às demais NBRs em vigor que tratam das estruturas de concreto armado. “As inovações introduzidas se deram, especialmente em relação aos concretos utilizados, às considerações em relação à ação do vento e à quantidade de provas de carga exigidas”, conta o engenheiro Frederico Falconi, coordenador da comissão que trabalhou na revisão da norma.

No caso do concreto utilizado nas fundações profundas, por exemplo, o novo texto leva em consideração, além do tipo de fundação, a classe de agressividade ambiental, conforme definida na ABNT NBR 6118 – Estruturas de concreto armado – Procedimento.

Outra novidade é a limitação do uso de tubulões, necessária para atendimento das normas do Ministério do Trabalho.

“O novo texto da NBR 6122 apresenta várias atualizações conceituais. Podemos destacar a adequação aos requisitos para atendimento ao método dos estados limites e ajustes em fatores de segurança e coeficientes de ponderação, principalmente quando temos ações de vento combinadas às de cargas verticais”, acrescenta Luiz Aurélio Fortes da Silva, vice-presidente de Tecnologia e Qualidade da Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural (Abece).

Também foram promovidos ajustes nos anexos que tratam dos procedimentos executivos de diversos tipos de estaca, destacando-se novas considerações em relação as resistências de ponta de estacas.

FUNDAÇÕES MAIS SEGURAS E ECONÔMICAS

A expectativa é a de que a nova norma influencie positivamente os projetos e a execução de fundações. “A progressiva necessidade da realização de prova de cargas melhorará a assertividade das fundações projetadas e executadas, reduzindo a possibilidade de recalques excessivos e ou diferenciais”, cita Silva.

O vice-presidente da Abece conta que durante as décadas de 1990 e 2000, a evolução de sistemas computacionais para a elaboração de projetos estruturais permitiu avanços expressivos. “As análises estruturais globais considerando as ações de vento foram muito facilitadas e, hoje, a maioria dos projetos estruturais apresenta tabelas completas de reações de apoio nas fundações. Sem contar que os edifícios projetados também são mais complexos do que os projetados no passado”, compara.

Em paralelo surgiram e se consagraram novos métodos executivos de fundações que tornaram viáveis soluções mais sofisticadas e confiáveis. Entre essas tecnologias é possível citar estacas hélices contínuas, metálicas, escavadas, barretes e as paredes diafragmas, que viabilizaram projetos com maior número de subsolos.

É nesse contexto que o novo texto da NBR 6122 se insere. “Trata-se de uma consolidação dos conceitos mais modernos, já contemplando boas técnicas para se projetar fundações”, diz Silva. Ele conta que, para o futuro, espera-se que a interação entre os projetistas de estruturas e de fundações seja ainda maior na busca de soluções mais assertivas, compatibilizadas e econômicas.

Falconi concorda e diz que são muitos os ganhos esperados com a publicação do novo texto, dados os avanços do conhecimento desde a norma de 2010 e os avanços tecnológicos dos equipamentos. “Maior segurança, limites mais bem definidos, avanço contínuo do conhecimento e maior interação entre os projetistas que sempre resulta em projetos melhores”, conclui Falconi.

Fonte: AECWeb