Paes sanciona Reviver Centro e cobra do setor privado que faça empreendimentos imobiliários na região, especialmente residenciais

Postado em 19 de julho de 2021 por

Cerimônia aconteceu no tradicional Rio Scenarium, na Rua do Lavradio. Setor imobiliário fala em 4 mil imóveis degradados ou abandonados já mapeados. Segundo município, resultados serão vistos ‘em breve’

RIO — Após muita discussão na Câmara Municipal e adaptações no texto original — 52 emendas aprovadas —, foi sancionado pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes, na tarde desta quarta-feira, o conjunto de leis, aprovado pela Casa, que constitui o Plano Urbano Reviver Centro, que prevê, entre outras coisas, a recuperação urbanística, social e econômica na região central da cidade, trazendo, sobretudo, habitação para a área. Segundo o município, a ideia é que o programa consiga abranger uma área de 5,72 quilômetros quadrados. Agora, o prefeito diz que a bola fica com o setor imobiliário, que pleiteou a iniciativa.

— A Câmara cumpriu seu papel e o Poder Executivo também. Criamos todas as condições para dar viabilidade econômica a esse processo de conversão, de transformar em unidades residenciais, trazer gente para viver no Centro, criamos todas as possibilidades. Agora, a gente depende do setor privado. Fiz essa cobrança simpática e pública aqui ao pessoal do setor imobiliário, mas agora, dadas todas as condições, a gente tem certeza que a fé no Rio de Janeiro vai fazer com que eles façam e lancem vários empreendimentos aqui. Eu serei corretor, vendedor pessoal de cada unidade habitacional lançada no Centro, como tenho feito no Porto Maravilha — disse o prefeito Eduardo Paes.

A cerimônia aconteceu no Rio Scenarium, tradicional reduto do Centro da cidade, na Rua do Lavradio. Ao lado de Paes, estiveram o presidente da Câmara, Carlo Caiado (DEM), o secretário de governo e Integridade Pública, Marcelo Calero, o secretário de Planejamento Urbano, Washington Fajardo, o secretário de Desenvolvimento Econômico, Chicão Bulhões, representantes do setor imobiliário, além de vários vereadores, como Átila A. Nunes (DEM), líder do governo no parlamento, Rogério Amorim (PSL), Pedro Duarte (Novo), Thainá de Paula (PT) e o recém empossado Marcelo Diniz (Solidariedade), que era suplente de Dr. Jairinho, cassado por quebra de decoro parlamentar após ser preso pela morte do enteado, Henry Borel.

Operação Interligada
Sobre as críticas de urbanistas e também de vários parlamentares em relação à chamada Operação Interligada — que garante, através de contrapartidas, que os empresários que invistam no Centro possam ter vantagens para realizar intervenções em outras regiões mais valorizadas da cidade, como na Zona Sul —, Paes reforçou que esse já era um caminho que seria tomado pela prefeitura de qualquer forma, mas que, agora, servirá também para ajudar na revitalização do Centro, além de contribuir para o erário.

— Se não tiver crítica, é aquela história: toda unanimidade é burra. A gente acredita que esse era o melhor caminho, não vemos nenhum dano à Zona Sul, pelo contrário, nós aprovaríamos isso independente da contrapartida do Centro. O que ia acontecer era o contrário, aquilo que já tinha que ter sido corrigido na Zona Sul e seria corrigido sem o Centro receber nada. Agora, vai entrar dinheiro no cofre da prefeitura e vai trazer também benefício a uma área importante da cidade, como é o Centro — disse.

‘Há uma certa ditadura no Brasil’, diz Paes ao exaltar técnicos e Legislativo
O prefeito também exaltou todas as discussões e pontos de vista levados durante todo o processo e, em seu discurso, sem citar nomes, teceu uma crítica ao governo do presidente Jair Bolsonaro.

— A participação legislativa é fundamental. Há uma certa ditadura no Brasil, e especialmente nos últimos anos, isso se consolidou de forma absurda, que nega a política, os técnicos… Então, é óbvio que os técnicos têm um papel essencial, eles desenvolvem a raiz daquilo que a gente debate, discute e vota, mas a força política é muito importante — disse Paes. — A gente explica tecnicamente mas a decisão final é do poder político, e é bom que seja assim, ao contrário disso é ditadura. É curioso, porque às vezes a gente quando está numa linha política a gente reclama da ditadura dos outros, mas quer fazer a nossa. Então, quem é democrata de fato entende que o debate, a opinião alheia, diferente, tem que ser respeitada.

Fonte: www.oglobo.globo.com