Estudo revela que 80% dos profissionais de arquitetura tiveram alta na demanda de trabalho em 2021

Postado em 14 de dezembro de 2021 por

Levantamento da Archademy identificou que os clientes estão valorizando mais seus espaços e buscando adequação para o trabalho remoto

O mercado de arquitetura e design de interiores não passou ileso aos impactos negativos sofridos pela economia durante o isolamento social e quem trabalha na área teve que se readequar de diversas maneiras. Porém, a demanda do setor cresceu durante a pandemia, segundo um estudo feito em 2020 e 2021 pela Archademy – startup brasileira que oferece soluções para arquitetos. Entre os 900 profissionais entrevistados durante o levantamento, 80% afirmaram que a pandemia aumentou a procura de clientes por projetos para arquitetos e designers de interiores.

De todos os escritórios participantes da pesquisa, 95,5% dos profissionais receberam demanda para reforma de ambientes residenciais. Entre eles, 67,4% relataram ter recebido pedido de adequação do layout geral da casa, 65,8% para adequação da casa para home office e 58,4% para alterar os espaços de convivência.

“Notei que em 2020 muitos apartamentos vinham com a demanda por escritório, mas agora é padrão ter até dois escritórios para o casal. Em 2021, o que aconteceu com meus clientes foram as mudanças grandes: saíram de apartamentos pequenos para casas com área de lazer”, conta Jéssica Martins, sócia da Buriti Arquitetura. “Brinco que antes da pandemia eu reformava apartamentos; hoje reformo e construo casas – com exceção de um cliente antigo, que em 2020 nos procurou para adequar os espaços de trabalho e em 2021 para sair de São Paulo e mudar para a praia.”

Mudança temporária que virou definitiva

Para o CEO da Archademy, Raphael Tristão, a necessidade de novas adequações em residências, que agora se tornaram local de trabalho para grande parte das pessoas, contribuiu para o aquecimento deste mercado, mesmo em um período de cautela com os gastos. “A pandemia adicionou o home office ao programa de necessidades básicas de qualquer projeto. A própria pesquisa mostrou isso, já que 65% dos entrevistados disseram que foram procurados para reformas relacionadas a ambientes de trabalho remoto, o que antes era incomum”, conta.

Se em junho de 2020, as mudanças no perfil de projeto em meio à pandemia ainda eram tímidas (44,3% disseram ter recebido demandas para adequação da casa em decorrência da COVID-19 à época da pesquisa), este ano a tendência se consolidou. Em 2021, 59,3% responderam que “estão recebendo solicitações diferentes para adequações de ambientes pós-COVID-19”. Além do espaço para montar a estação de trabalho, Jéssica Martins aponta também que os pedidos recentes enfatizaram o contato com a natureza, a criação de espaços para estar, áreas de lazer e flexibilidade de usos.

Ainda de acordo com a pesquisa “Impacto da COVD-19 para Arquitetos e Designers de Interiores”, 81% dos participantes relataram a percepção de que os clientes estão valorizando mais seus espaços. Tristão acredita que entender essa mudança de comportamento por parte de quem procura o serviço deve gerar crescimento de demanda ainda maior para os próximos anos.

“Esse estudo pode auxiliar os arquitetos sobre como o mercado está se comportando, principalmente neste novo cenário de valorização da casa. Sabendo o real impacto da quarentena no ramo de arquitetura e urbanismo, é possível traçar estratégias para aproveitar melhor as oportunidades que podem surgir, gerando mais negócios e aumentando a visibilidade dos projetos”, explica o CEO da Archademy.

Oportunidades… e dificuldades

2021 também trouxe novos desafios, como a escassez de matéria-prima que levou a falta de produtos necessários à reforma e construção. “Ocorreram dificuldades com relação a valores, que subiram 20% a 30%. Desde o ano passado nós estocamos material por um período maior também”, afirma Jéssica. “Esperamos principalmente o aço, a madeira e o concreto reduzirem o valor, mas sabemos que está atrelado ao dólar e a economia está flutuante neste momento. Esperamos que a instabilidade política do País não afete ainda mais esses mercados.”

O estudo também identificou que 72% dos arquitetos e designers de interiores alegaram que muitos fornecedores estão sem produtos para entregar. Não à toa, 67,4% relataram maior incidência de atrasos nas obras. O boom de reformas fez com que os prazos de entrega ficassem mais longos também. 77,8% dos profissionais concordam que esse foi o maior impacto negativo da pandemia no setor.

Fonte: Imoveis Estadão