Higienópolis: o bairro que reúne um marco da arquitetura moderna de SP

Postado em 29 de março de 2024 por

A região paulistana é conhecida pelos edifícios modernistas, sendo também uma das mais agradáveis para andar e observar a arquitetura ao ar livre

Os leitores de outros estados podem não conhecer Higienópolis, mas os paulistanos sabem que este é um dos principais bairros da cidade. Localizado entre a área mais central de São Paulo, junto aos bairros da República, Vila Buarque e Santa Cecília, o local está na transição de espaços urbanizados mais posteriormente, como a região da Avenida Paulista e a Zona Oeste da cidade.

É um dos bairros mais agradáveis da metrópole, com ruas arborizadas, ampla rede de serviços e vários edifícios de excelente qualidade de arquitetura.

A área onde hoje está o bairro já era usada desde o século 16, mas a criação de um loteamento com o arruamento atual veio ocorrer somente em 1895. Higienópolis, um nome associado aos princípios higienistas de saneamento, foi criado como uma região para a construção de casa em lotes isolados – grandes palacetes cujos proprietários eram as famílias mais abastadas da cidade.

Estas mansões foram, a partir dos anos 1940, gradualmente substituídas por edifícios residenciais. Diferentemente da implantação existente no centro da cidade, onde os prédios não possuíam recuo frontal ou lateral, Higienópolis foi o espaço para a criação de edifícios com esses recursos – um território perfeito para a nova arquitetura moderna.

Neste pedaço da cidade, construiu-se, principalmente ao longo da segunda metade do século 20, alguns dos melhores exemplares da arquitetura moderna residencial vertical de São Paulo. Um pioneiro desta leva de boa arquitetura é o edifício Prudência, localizado no número 235 da Avenida Higienópolis, projetado pelo arquiteto Rino Levi e construído entre 1944 e 1948.

Com apartamentos com mais de 300 m², foi, desde o início, destinado às classes mais privilegiadas. Um edifício vertical para a classe alta era até então algo inusitado, pois as elites da cidade associavam a moradia vertical aos cortiços ou a empreendimentos para a classe média – os ricos até então moravam em palacetes e casas com dimensões confortáveis.

Outro edifício importante é o Lausanne, que está no número 101 da Avenida Higienópolis. Projetado pelo arquiteto alemão Adolf Franz Heep em 1958, é composto por edifícios de dimensões confortáveis e conta, logo na entrada, com um painel de Clóvis Graciano.

No entanto, o mais interessante neste edifício é a estratégia de projeto da fachada. As unidades, todas projetadas com varandas voltadas para a avenida, foram projetadas com brises móveis nas cores branco, verde e vermelho. Essas estruturas conferem ao edifício uma fachada sempre em movimento (e diferentes), já que cada brise é posicionado conforme as necessidades internas.

Artacho Jurado, incorporador e proprietário da construtora Monções, fez no bairro alguns de seus melhores empreendimentos. Os mais destacados são, com toda certeza, o Edifício Bretagne, de 1958, localizado à frente do Colégio Sion, e o Edifício Cinderela, de 1956, na esquina das ruas Maranhão e Sabará, próximo a Mackenzie.

Estes edifícios, assim como muitas das incorporações de Jurado, são de apartamentos menores do que os feitos por Rino Levi no Prudência, e criados com uma estética singular, composta por cores vibrantes e ornamentos únicos.

Fonte: Revista Casa e Jardim