Assista ao primeiro bloco completo da Aula Pública com Maurício Puls: qual é a função política da arquitetura?
No segundo bloco, o jornalista Maurício Puls responde perguntas do público da Universidade Metodista, em São Bernardo do Campo
Postado em 22 de dezembro de 2020 por sn-admin
O jornalista Maurício Puls, estudioso de História da Arte e autor dos livros O significado da arte abstrata (Perspectiva) e Arquitetura e filosofia (Annablume), analisa nessa nova edição do programa Aula Pública Opera Mundi, como a arquitetura expressa relações de poder na sociedade.
As construções de edifícios – públicos e privados – e o desenvolvimento urbano, explica Puls, cumprem determinadas funções políticas e expressam como as classes sociais atuam e interagem nesses espaços. Entender processos arquitetônicos, portanto, possibilita um olhar em perspectiva para as dinâmicas sociais.
“A arquitetura constitui um meio para dar legitimidade a uma estrutura social, um mecanismo para convencer as pessoas de que as coisas devem ser daquele jeito e não de outro”, explica ele. “E como é que a arquitetura faz isso? Em geral de duas formas: ou ela inspira a admiração da população pelos governantes ou pelos proprietários de grandes edifícios, ou ela inspira o medo, o terror, em aqueles que se opõem ao governo ou se opõem às pessoas poderosas. Os grandes edifícios constituem recados do Estado ou dos poderosos às camadas majoritárias da população”, afirma.
Um dos exemplos usados por Maurício Puls são as transformações urbanas por que passou Paris no final do século XIX, com a abertura de grandes avenidas. Falando dos dias de hoje, Puls afirma que “os programas de requalificação urbana são mais sutis, mas eles funcionam mais ou menos do mesmo jeito: basicamente, eles expulsão os pobres do centro e os colocam em conjuntos habitacionais lá no fim do mundo; é uma política de segregação social”.
Puls também analisa o espaço dos condomínios fechados, dos shopping centers e dos centros empresariais: todos esses lugares dispõem de espaços abertos, mas esses espaços não são verdadeiramente públicos”.