Postado em 8 de julho de 2021 por sn-admin
Sem gastar com viagens, festas e carros, sobrou dinheiro para os brasileiros. Muitos mergulharam em suas casas, fizeram renovações ou mesmo se mudaram de imóvel – o que levou a um aumento expressivo no setor de construção, especialmente entre o segundo e o terceiro trimestre do ano passado. Naquele período houve um crescimento de 52% nas atividades realizadas por arquitetos e urbanistas, segundo o Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU).
Para 2021, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic) projeta que a área deverá ter o maior crescimento em oito anos. A expectativa é de um aumento de 4% no PIB da construção, o que pode significar a geração de 200 mil novos empregos no setor. Prato cheio para quem está entrando no mercado.
Três empreendedores da arquitetura e construção apontam os motivos de o mercado estar favorável a jovens arquitetos e designers de interiores:
1 – Taxas de juros estimulam a adquirir um imóvel e sair do aluguel
A taxa de juros baixa abre vantagem para financiamentos de imóveis, girando em torno de 8% anuais. Frente ao aluguel, que é regulado pelo IGPM, há uma balança favorável a comprar, e não a continuar no aluguel. Com assinaturas digitalizadas, mais fácil ainda para quem quiser entrar na casa nova. Ou seja, tudo indica que virão muitas aquisições e pequenas (ou grandes) reformas por aí.
“Com o nítido boom no mercado imobiliário no segundo semestre de 2020, espera-se agora uma grande movimentação para 2021 voltada para novas obras, tanto residenciais quanto comerciais. Esse cenário será provavelmente acompanhado de um aumento no preço, ainda mais considerando a especulação do crescimento da procura resultante das novas aquisições imobiliárias”, diz Fábio Ordones, CEO do Núcleo Metropolitano, programa de reconhecimento aos profissionais das áreas de Arquitetura, Design e Decoração.
2 – Novos desejos e tendências no morar
As tendências na construção apontam para muitas mudanças em fachadas e interiores mais abertos, arejados. Com isso, aumenta a demanda por renovar os ambientes – desde pequenos projetos, por consultoria online, como para os maiores, a procura aumentou. “Acredito que tivemos uma evolução do morar. Elementos biofílicos, incidência de luz natural, janelas maiores, todas essas mudanças podem ser conquistadas por meio do trabalho de arquitetos”, explica Thiago Sodré, CEO do Club&Casa Design.
3 – Personalização acima de tudo
Outro movimento forte, que passa por cores e objetos, mas sobretudo por espaços bem orquestrados por profissionais de arquitetura e design, é a personalização máxima, uma tendência prevista pelo WGSN para 2021.
“A pandemia trouxe a casa como extensão de quem somos, de nossa personalidade. Houve um boom em condomínios horizontais, pois as pessoas não precisavam mais estar perto do trabalho e adotaram home office para sempre. Sentimos que a procura por projetos aumentou mais de 40%, como reflexo de pessoas buscando a casa com sua cara. Isso vai beneficiar muito o setor com aumento de ticket médio, pois estávamos em uma crescente de projetos pequenos, estúdios, e agora isso se inverte”, conta Thiago Sodré. Esse cenário envolve adaptação da moradia – e com isso, no mínimo crescem compras de objetos e móveis, o que movimenta o setor.
4 – Novos condomínios e retrofits em alta
Segundo Thiago Sodré dois fatores importantes ocorrem no momento: as construções em condomínios ao redor de São Paulo (não como casa de veraneio, mas como primeira casa) e o retrofit de projetos de apartamentos antigos, em lugares antes desvalorizados. “O valor acessível facilitou investimento na reforma. Surgiu um novo cliente, que talvez não renovaria sua morada e agora tem isso como sua prioridade em vez de viagens e carros”, acrescenta.
5 – O virtual facilita sonhar com a casa nova
Mas os jovens profissionais não precisam se ater às obras e aos projetos, se não quiserem. Haverá aumento também na demanda por renders realistas, com imagens que se aproximem do sonho de uma casa linda. Para quem não conhece a área, cursos online atualizam o currículo e somam habilidades bem rápido, tornando possível simular objetos e projetos que atendem a vários mercados, muito além da arquitetura e do design.
“Percebemos que o jovem arquiteto tem uma enorme capacidade de se adaptar a este momento. Os cursos online já vinham crescendo e a pandemia acelerou isso. Apresentar as imagens com qualidade acima do nível do mercado os coloca em igualdade com arquitetos já antigos. Muitos talentos novos têm ganhado espaço assim. Nosso escritório de arquitetura foi acelerado dessa forma também”, explica Pedro Greghi, cofundador, ao lado de Wender Aguero, do Projeto Jovem Arquiteto, maior plataforma de cursos online de arquitetura do Brasil.
Fonte: www.moveisdevalor.com.br