Postado em 15 de dezembro de 2021 por sn-admin
Que cara vai ter sua casa? O arquiteto e colunista Ivan Wodzinsky mostra as etapas de conceituação de um projeto de interiores e como se dá a relação com o cliente desde a contratação do projeto a sua entrega.
Conceituação de projetos de interiores
Quando o profissional contratado é coerente, ele fará um trabalho que é você na melhor forma. Na hora de conceituar um projeto, seja ele qual for, residencial, corporativo, comercial, etc, ou você toma o caminho certo ou errado. Ou seja, para o resultado sair bom deve-se sondar bem qual caminho seguir. Ou qual porta abrir. Antes de mais nada, uma boa dose de sensibilidade faz-se necessária, e isso tenho bastante.
Quando o cliente vem ao escritório pela primeira vez o recebemos para a sua “consulta”. Quase uma consulta médica. É necessário saber quem é o cliente e do que ele precisa. Depois de conversar bastante, tentamos entender seu estilo de vida, seus motivos e seus gostos. A esse quadro de investigação chamamos de diagnóstico. Como um quadro clínico, para daí saber qual caminho tomar (o remédio, a solução). Esse diagnóstico preliminar visa entender muito bem o que o cliente deseja, para, enfim, deixá-lo satisfeito nas suas expectativas.
Assim como o médico, o arquiteto não tem liberdade total de escolhas para decisões finais sobre o projeto. Não imponho, mas sugiro argumentos na hora de conceituar o projeto. Uma vez que o cliente procura um profissional é porque gosta de ter suas certezas checadas, receber sugestões, talvez até mesmo mudar de opinião se ouvir uma proposta ousada na qual ele nunca tinha pensado antes. É dever, sim, do profissional checar, esclarecer, propor alternativas melhores. Sempre dentro do gosto e expectativa do cliente. Sempre.
Se o cliente ficar inseguro, devo passar segurança para ele. Nunca, jamais deixo essa etapa de conceituação a cargo de um estagiário ou terceiros não graduados para essa função. Eu mesmo me encarrego deste trabalho, é minha obrigação como profissional, além de sentir um prazer enorme em executar essa fase, pois é aí que nasce o meu trabalho. Claro que nessa fase tenho a colaboração do meu assistente. Fazemos a apresentação de outros projetos, que apresentam outros resultados alcançados com diversas soluções. Assim, garantimos que tudo será feito com o seu consentimento.
O portifólio do escritório é rico, com muita experiência, e tem muitos projetos executados e fotografados para apresentar aos novos clientes. Um bom exemplo é sempre uma referência. Muitas vezes o cliente se sente dominado pelo profissional e fica intimidado em dar opiniões, ideias, etc. Corre-se o risco de o cliente ficar insatisfeito ao longo do trabalho, do projeto em si e com o próprio profissional também. Sempre falo que quem vai morar na casa é o cliente, não eu.
É fundamental conversar com o cliente sobre seu estilo de vida e até mesmo seu próprio estilo. Como ele vê a casa, como ele quer morar realmente. Se ele quer uma casa mais clássica ou mais moderna, se quer uma casa conceitual ou despojada, uma casa mais aberta ou mais fechada. E assim por diante. Entender o estilo do cliente é premissa (isso vale também para os projetos comerciais, corporativos, etc.). Gosto é gosto e não se discute, a princípio. Por isso, como foi citado acima, cabe ao escritório fornecer argumentos e ideias que complementem e até mesmo sofistiquem o gosto do cliente. Estamos aqui para isso. Um profissional de verdade não fica somente dizendo amém. Um profissional dialoga profundamente com o cliente. E desse modo vai-se construindo o verdadeiro caminho para o projeto em questão.
Fonte: Reinaldo Bessa