Postado em 14 de julho de 2022 por sn-admin
Instrumento permite que investidores apliquem recursos na aquisição de imóveis ainda na fase de construção, com possibilidade de rendimento de até 24% a.a.
Uma forma de financiamento ainda pouco explorada pelo mercado imobiliário brasileiro vem atraindo a atenção de construtoras e incorporadoras que precisam captar recursos para levantar seus empreendimentos: as cotas de sociedade em conta de participação (SCP). Pelo mecanismo financeiro, o investidor pode aplicar recursos na aquisição de um imóvel antes mesmo de sua construção.
E, quanto mais sustentável for o projeto desde sua concepção, maior a rentabilidade — a taxa, segundo o especialista em cotas de empreendimentos na NeoIn, Jonata Tribiloli, pode variar de 16% a 24% a.a., bem acima da atual Selic (13,25%).
A possibilidade de obtenção de recursos a um custo menor e em um prazo inferior ao da captação por meio de financiamentos bancários é a grande vantagem para o incorporador, na avaliação de Tribiloli. Segundo ele, o processo burocrático que envolve a operação pelos bancos retarda a liberação dos recursos a um nível incompatível com agilidade imposta pelo ritmo de uma obra. “A obtenção de recursos por meio das cotas permite maior agilidade na condução das várias etapas do empreendimento”, afirma.
Um caso de sucesso foi o da construtech Cotaí, plataforma digital de investimentos imobiliários que levantou, no período de quatro meses, 60% dos recursos necessários para a construção de duas casas no condomínio Cedros, residencial de luxo em Caçapava (SP), com 250 metros quadrados e avaliadas em R$ 1,5 milhão cada. Segundo o presidente e fundador da empresa, Renan Monteiro, a rentabilidade do investidor estava prevista, por norma contratual, em 34% no período de 24 meses. “A distribuição do lucro com a mesma taxa foi feita no tempo recorde de sete meses, período em que concretizamos a venda do imóvel”, afirma.
Frank Guimarães, sócio da Todos Soluções Urbanas, explica que a operação por meio de cotas de empreendimento imobiliário não é uma venda de títulos como no mercado financeiro ou da aquisição de cotas de participação como no mercado de multipropriedade. “Na prática, trata-se de entrar em uma sociedade. O cotista torna-se sócio no empreendimento com direito ao mesmo lucro e à mesma taxa de retorno interno que o incorporador obtiver.”
A empresa, informa Guimarães, disponibiliza até 49% da SCP, percentual que pode ser dividido em várias cotas para investidores. Hoje são três projetos dentro desse modelo no estado de Goiás: Goiânia, Catalão e Itumbiara — o último município receberá o sofisticado complexo Áquila, composto por torres residencial e mista e um shopping center. O VGV é estimado em R$ 350 milhões apenas na primeira fase, podendo chegar a R$ 800 milhões com a conclusão da segunda e da terceira etapas do projeto.
Nesse empreendimento, 40% do valor do investimento está sendo captado por meio da venda de cotas de empreendimento. Com relação à segurança para o investidor, Guimarães ressalta: “É um negócio imobiliário sólido e seguro, pois, mesmo se não houver a venda do imóvel e a divisão dos lucros, haverá sempre o patrimônio imobiliário no final do empreendimento.”
Outra construtora que vem apostando nessa forma de captar recursos para financiar suas obras é a LGCON Engenharia. A exemplo da construtora de Goiás, a sociedade também é feita por empreendimento. “Os sócios investidores se cotizam para participar de um empreendimento específico”, informa o CEO Leandro Guimarães.
O mais novo empreendimento desenvolvido dentro desse modelo é o luxuoso condomínio Summit, localizado na cidade de Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro: são 12 casas com 230 metros quadrados, comercializadas ao preço médio de R$ 1,85 milhão.
A segunda fase do condomínio será lançada em agosto, com a apresentação da casa-modelo. Leandro informa que 60% do valor do investimento foi capta-do com a venda de duas cotas de 30% cada,
cabendo à construtora os 40% restantes. Ele explica que essa modelagem foi específica para esse empreendimento e que a companhia não está fechada à maior pulverização das cotas. “Isso vai
depender muito do momento do mercado e da receptividade dos investidores ao empreendimento”, diz ele.
Fonte: Valor Econômico