Postado em 1 de setembro de 2022 por sn-admin
De acordo com a previsão da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), a tendência e a expectativa para 2022 são de estabilidade no mercado. O fechamento dos dados do mercado imobiliário no primeiro semestre deste ano comprova a perspectiva da entidade.
As informações fazem parte do estudo Indicadores Imobiliários Nacionais do 2º trimestre de 2022, realizado desde 2016 pela CBIC e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Nacional), em parceria com a Brain Inteligência Estratégica. O trabalho foi divulgado em coletiva de imprensa online nesta segunda-feira (15), com os dados coletados e analisados de 197 municípios, sendo 26 capitais, de Norte a Sul do país. Algumas cidades foram avaliadas individualmente ou dentro das respectivas regiões metropolitanas.
“A nossa previsão para este ano é um crescimento de PIB de 3,5%. Ou seja, devemos crescer no PIB e também no emprego junto com toda a cadeia produtiva. E, cada vez mais, queremos que o Brasil entenda que a construção civil é a grande âncora da economia para evitarmos ‘voo de galinha’. Nós somos a âncora que permite um crescimento sustentável”, destacou o presidente da CBIC, José Carlos Martins.
O levantamento aponta o crescimento nos números de lançamentos de 4% em relação ao trimestre anterior. Contudo, houve uma queda de 6% no primeiro semestre de 2022, em comparação com o mesmo período de 2021. A média de lançamentos dos últimos quatro trimestres é de 75,2 mil unidades, e neste trimestre os lançamentos chegaram a 63,9 mil.
A região que mais lançou unidades residenciais no segundo trimestre deste ano foi a Sudeste, com 37.662 lançamentos – e contou com um aumento de 26,3% em relação ao trimestre anterior. A segunda do ranking foi a região Sul com 10.336. Entretanto, houve uma redução de 23,4% no comparativo. A terceira foi a região Nordeste com 9.076 lançamentos, que também contou com diminuição de 23,7%. A quarta foi a região Centro-Oeste com 4.818 unidades lançadas, o que representou um acréscimo de 0,1% em comparação com o trimestre anterior. Já a região Norte contou com 1.986 lançamentos. O número representa um aumento de 67,5% em relação ao primeiro trimestre de 2022.
As vendas registraram aumento de 1,4% no semestre, em relação ao primeiro semestre do ano passado. Os números de vendas seguem mais estáveis do que os lançamentos. Para a CBIC, os dados demonstram que o mercado apresenta interesse e demanda para comprar.
“É importante destacar a linha de crescimento de vendas e lançamentos de 2017 até agora e que, a partir do segundo semestre de 2021, começou a ter uma certa estabilidade. Ou seja, apesar da crise econômica, o setor da construção civil permanece com uma grande previsibilidade, podendo ser considerado um grande suporte da economia brasileira”, reiterou Martins.
Segundo o presidente da Comissão da Indústria Imobiliária da CBIC, Celso Petrucci, as vendas são mais consistentes e mostram maior aderência do mercado. “As necessidades habitacionais do país são contínuas e independe se o CVA teve uma queda administrativa no último semestre. Houve uma migração de produtos do CVA para produtos muito próximos do CVA. Esse mercado tem se mostrado resiliente”, afirmou.
Petrucci ainda explicou que a venda dos demais padrões está compensando a perda da venda e do lançamento do CVA. “Estamos em uma fase bastante estável do mercado em relação às vendas, diferentemente do que a economia projetava do resultado do mercado imobiliário no início do ano”, ponderou.
O estudo revela que os números de lançamentos, vendas e oferta final do Programa Casa Verde e Amarela (CVA) caíram substancialmente no segundo trimestre de 2022, em relação ao mesmo período do ano passado, registrando uma queda de 36,5% nos lançamentos, 14,6% nas vendas e 15,1% na oferta final.
“Os números refletem o descasamento da renda das famílias com o aumento de custos, refletido na elevação do preço de venda, sendo este o grande desafio a ser vencido pelo setor. Pontos como a mudança nos valores de renda nos grupos do Casa Verde e Amarela, o aumento dos descontos, a ampliação dos prazos de pagamento, curva de subsídios aderente à realidade econômica e social, dentre outras medidas tomadas demonstram a certeza da percepção. Contudo, as adequações introduzidas pelo Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) de incentivo ao CVA devem reverter o quadro, com expectativa do uso de todos os recursos orçamentários alocados para o ano”, disse o presidente da CBIC, José Carlos Martins.
Martins ainda destacou que as contratações de financiamento pelo CVA aumentaram 20% no mês de julho deste ano, em relação ao mesmo período de 2021. Segundo ele, o ritmo será mantido em agosto. Além disso, o presidente da entidade mencionou que o prolongamento do prazo de financiamento imobiliário com recursos do FGTS deve ser a aprovada até 24/8.
Para a CBIC, os dados demonstram ainda uma insegurança inicial dos empresários, pois os lançamentos foram postergados e as vendas não caíram na mesma proporção. A percepção da entidade é que seja resultado de uma leitura negativa da economia.
De acordo com o estudo, as regiões Norte e Nordeste demonstraram queda particular no número de lançamentos do programa CVA. Neste trimestre, os demais padrões superaram o número de lançamentos, o que muda uma tendência de anos anteriores que ficava na métrica de 50/50.
Segundo o levantamento, as contratações do CVA no início do ano caíram acentuadamente. Para a CBIC, a partir da entrada em vigência das novas curvas de subsídios, em fevereiro, abril e no final de julho ocorreu novo fôlego a este mercado. Sobre isso, a previsão da CBIC é que as contratações devem ser semelhantes às do ano passado, com uma recuperação mais forte nos últimos meses do ano.
As percepções da CBIC coincidem com os dados fornecidos recentemente pela Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), que demonstram que a concessão de crédito imobiliário está resiliente e há demanda. A expectativa é que a concessão de crédito pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) deve cair 12% em 2022, em relação ao ano passado. Já pelo Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), é previsto um aumento de 31% este ano, em comparação com 2021. De acordo com a CBIC, os números mostram que a atividade está mais aquecida do que as projeções do mercado no início de 2022.
“O preço de todas as tipologias têm sido lançado cerca de 15% maior que em 2021. Agora, mesmo que o Índice Nacional de Custo de Construção (INCC) estivesse zerado, com a redução do CVA, o preço médio continuaria subindo. Isso é reflexo de um incremento do mix de mercado de classe média e alta, somado a um número menor de lançamentos do CVA – que segue um padrão de comercialização diferente dos demais padrões, em que o aumento do preço do valor acontece independentemente da velocidade de vendas”, explicou Martins.
De acordo com o CEO da Brain Inteligência Estratégica, Fábio Araújo, 2021 foi o melhor ano da história do mercado imobiliário. “Nós teríamos que ter uma queda muito forte para que este não fosse o segundo melhor ano do segmento. Então, já está contratado que nós eventualmente não teremos a mesma coisa que o ano passado, se a previsão da Abecip se confirmar, mas, ainda assim, será o segundo melhor ano da história”, disse.
Araújo ainda mencionou que existe a perspectiva completa de acontecer, no segundo semestre, uma forte recuperação muito forte do CVA. “Mais do que em unidades, em recursos do FGTS, inclusive. Isso porque acaba tendo uma mudança de categorias de produtos. O dinheiro que movimenta a economia como um todo, o setor deve manter o mesmo patamar do ano passado”, explicou.
Fonte: CBIC