Postado em 5 de abril de 2023 por sn-admin
Três projetos da Universidade Federal do Paraná foram destaque no Prêmio Trabalho Final de Graduação (TFG) do ano de 2022, promovido pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Paraná (CAU-PR). Dois trabalhos foram classificados em primeiro lugar e um recebeu menção honrosa; as iniciativas envolvem comunidades e espaço público.
Segundo o Conselho, 50 inscritos concorreram em seis categorias: Arquitetura e Edificações e Interiores; Arquitetura da Paisagem; Patrimônio Cultural, Arquitetônico e Urbanístico; Arquitetura e Efêmera; Planejamento Urbano e Regional; e Habitação de Interesse Social. O resultado foi divulgado neste mês de março.
Conheça abaixo os trabalhos desenvolvidos pelas egressas durante a graduação:
Arquitetura Participativa
Desde que ingressou no curso de Arquitetura da UFPR, em 2016, Natália Torres Batista já tinha o desejo de produzir um projeto envolvendo o local onde morou alguns anos – a região do Sabará (conjunto de Vilas no bairro CIC), em Curitiba. A partir do contato com as Associações, a então estudante da UFPR teve a ideia de desenvolver um projeto para a Vila Moradias Corbélia, já que boa parte da infraestrutura do local, como pavimentação, luz, esgoto e escolas, é resultado de conquistas dos moradores.
A proposta era entender as reais necessidades da comunidade. Para isso, Natália realizou diversas oficinas com as crianças da vila, que inspiraram ideias para o desenvolvimento o projeto. “O diferencial foi buscar a realidade, pessoas reais e necessidades reais. O projeto teve como objetivo ser de fácil acesso, fácil construção e materiais que se enquadrem no meio que foi proposto”, relata. O resultado de todo o processo levou a estudante a projetar um centro comunitário, um espaço multiuso.
Orientada pelo docente Marcelo Caetano Andreoli, Natália recebeu o primeiro lugar da categoria Projeto de Arquitetura de Edificações e Interiores, com o trabalho intitulado “Arquitetura Participativa: um olhar para o Corbélia (PR)”.
“Agora eu e a comunidade estamos em busca de formas para viabilizar esse projeto, pois o que temos em mente é que habitar não é apenas ter uma moradia e sim espaços e ruas que tornam o Corbélia o lar de tantas pessoas”, conclui.
Uma exploração em São José dos Pinhais
A egressa Evelyn Moreira Farias conta que, durante o curso de Arquitetura e Urbanismo, os estudantes são incentivados a pensar graficamente e utilizar recursos para tentar explicar quais as intenções em um projeto, seja de arquitetura, urbanismo ou de interiores. A etapa de reconhecimento da realidade de um território com representação gráfica era uma temática que despertava seu interesse, seja pela total imersão no espaço para tirar partido de um terreno ou para compreender dinâmicas específicas de uma área da cidade.
O espaço público como espaço físico que ampara múltiplas formas de sociabilidade de modo coletivo foi selecionado como base para o desenvolvimento de um teste metodológico de interpretação e intervenção. “A escolha do local do projeto foi feita por dois motivos: o primeiro porque durante o curso focamos muito na cidade de Curitiba e gostaria de abordar outra cidade da região metropolitana e, o segundo, saindo de uma pandemia, estudando e trabalhando apenas em casa, eu gostaria de poder visitar o local várias vezes e o centro de São José dos Pinhais – o recorte do projeto – possibilitaria isso”, destaca.
O trabalho partiu da exploração do mapa como uma ferramenta, que está relacionada a dados levantados in loco, de pessoas, grupos sociais, do espaço construído e das atividades relacionadas nesta área. Fundamentado nessa base de dados, o vocabulário gráfico explora métricas e lógicas que buscam expor as possibilidades de interpretações do mesmo espaço.
“Esse processo permitiu estabelecer cenários para reinterpretar o existente e compreender camadas não visíveis num primeiro momento, gerando quatro recortes de proposição como forma de protótipos urbanos”, relata.
Todo o desenvolvimento do trabalho, do levantamento de dados ao detalhamento das quatro áreas de intervenção e material gráfico, levou dez semanas. Com a iniciativa, Evelyn conquistou o primeiro lugar na categoria Projeto de Arquitetura de Paisagem, sob orientação da professora Letícia Nerone Gadens.
Construir comunidades
O trabalho de Jéssica Thaíse Kasmirski Pessatti, orientada pela professora Madianita Nunes da Silva, recebeu menção honrosa na categoria Planejamento Urbano e Regional.
A proposta partiu de uma percepção pessoal do declínio nas relações comunitárias de vizinhança, observada pela própria estudante em sua cidade natal (Jaraguá do Sul – SC), mas que ocorre em várias outras cidades. “Isso me levou a procurar relações entre essa tendência e os processos de produção do espaço urbano. Com isso, meu trabalho buscou apontar o urbanismo e o planejamento urbano como ferramentas para fortalecer noções de comunidade e, assim, potencializar a vida comunitária”, explica Jéssica.
O detalhamento da proposta envolveu a elaboração de uma cartilha de fomento e um catálogo para arquiteturas coletivas, complementada por um conjunto de estratégias e ações necessárias para viabilizar a proposta, além de um exercício de imaginação de cenários desejáveis para o futuro.
O trabalho propõe o protagonismo e a autonomia dos moradores na produção dos espaços que os afetam diretamente. “Por meio de um mergulho em experiências comunitárias inspiradoras encontradas em Jaraguá do Sul, onde isso já acontece, o trabalho pode iluminar o poder de agência dos arquitetos e urbanistas para instrumentar a ação direta dos grupos locais”, conclui a egressa da UFPR.
Prêmio
O propósito da premiação, segundo o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Paraná, é divulgar e premiar boas práticas em trabalhos finais de graduação e trabalhos de conclusão de curso de estudantes de Arquitetura e Urbanismo situadas no Paraná.
Fonte: UFPR