Postado em 11 de setembro de 2023 por sn-admin
As cores têm desempenhado um papel essencial na história da arquitetura moderna — desde a teoria da policromia de Le Corbusier até as concepções estéticas da Bauhaus. No entanto, estamos no início de uma era em que a interpretação e implementação das cores na arquitetura estão passando por uma mudança a partir de seu impacto no ambiente construído.
Ao longo do mês de agosto, realizamos uma chamada aberta para ouvir de nossos leitores suas previsões e opiniões sobre o futuro das cores na arquitetura. Depois de revisar uma grande quantidade de comentários, foi uma surpresa encontrar reincidências em relação à importância de considerar a eficiência energética na escolha. Confira a seguir os principais pontos de vista.
O futuro é hoje: utilizando a cor com argumentos de sustentabilidade
Rever o impacto das cores na eficiência energética é essencial. As tonalidades escolhidas para edifícios e produtos podem influenciar a absorção de calor, a iluminação natural e o consumo elétrico. Escolher cores adequadas não só pode contribuir com a estética, mas também com a sustentabilidade ao reduzir a demanda energética.
Carlos Londoño, arquiteto colombiano, escreveu: “As cores, embora obedeçam mais a critérios subjetivos do que objetivos, têm uso sujeito a períodos cíclicos de tendências duradouras e modas com tempos mais curtos. No entanto, com a implementação atual de conceitos bioclimáticos e de eficiência energética no projeto e na construção de edifícios, as cores já têm uma justificativa técnica para serem escolhidas”.
De Porto Rico, o arquiteto Fernando Abruña acrescenta: “Embora a variedade de cores que temos garanta que elas continuarão sendo utilizadas de várias formas e em vários contextos, o uso da cor com argumentos de sustentabilidade terá maior importância. A cor branca, para aumentar a reflectividade interna e reduzir o consumo de energia para iluminação, é um exemplo. Vamos pensar em cores funcionais e tecnológicas, como tintas que podem mudar de cor de acordo com a estação do ano ou a radiação solar incidente”.
Além da eficiência energética: não se esquecer da saúde mental e física
Avaliar o impacto das cores na psicologia é crucial. Diferentes tonalidades podem afetar o estado de espírito, a concentração e a percepção emocional. Escolher cores apropriadas para cada ambiente pode melhorar o bem-estar, a produtividade e a interação humana, enriquecendo assim a experiência diária.
“As cores no futuro são o branco e cores neutras, para dar tranquilidade ao espaço, já que a vida tão acelerada que levamos nos obriga a descansar a vista. Portanto, a caracterização em termos de cores será dada pela ambientação do espaço em si, com suas próprias necessidades e mobiliário”, diz Snahara, uma arquiteta do Chile. Do mesmo país, Andrés Urrutia, um interessado em arquitetura, comenta que “(…) a cor deverá propor tranquilidade e silêncio, privilegiando o amigável, proporcionando suavidade e não intensidade. Os tons que poderão acolher melhor o ser humano são os bege claros e os brancos limpos. As formas, desenhos, mobiliários e texturas deverão se sustentar na ausência de tonalidades que gritem, sublinhem, imponham ou dividam. Apenas a interrupção cromática do metal e do vidro deverá estar presente; também as gamas da natureza integrada ao espaço. A vitalidade da cor na arquitetura do futuro será dada pela vivacidade que a habita – as pessoas, suas plantas e animais de estimação – para que se distingam e animem o interior e o exterior, promovendo uma maior consciência e respeito integral”.
Adriana Cassinelli, arquiteta do Peru, escreve: “Acredito que definitivamente a psicologia da cor continuará evoluindo de acordo com a população, que cada vez mais busca um ambiente relaxante que proporcione uma sensação de proteção e segurança. Penso que as cores seguirão em direção a uma paleta pastel e suave que contraste com os demais elementos de projeto”.
“As cores continuarão sendo uma ferramenta essencial para criar emoções, transmitir identidade e melhorar a funcionalidade dos espaços construídos. Os arquitetos terão que explorar novas possibilidades e quebrar convenções. Um futuro cheio de possibilidades criativas. Na verdade, a mudança já começou e, à medida que avançamos, veremos tendências e abordagens emergentes nas cores, no design ambiental e na arquitetura do futuro. Com uma consciência voltada para a sustentabilidade e a responsabilidade ambiental, veremos uma maior oferta de tintas ecologicamente corretas e de baixo impacto ambiental. Cores orgânicas, pigmentos naturais e tintas sem compostos tóxicos ganharão popularidade no futuro. Teremos tintas de cores inteligentes ou mutáveis, que ajustam sua tonalidade ou intensidade de acordo com as condições ambientais ou as preferências do usuário”, escreve um arquiteto do Paraguai.
Extra: explorando a dimensão virtual das cores
Explorar o efeito das cores em ambientes virtuais e no metaverso é de grande importância. A escolha cromática não afeta apenas a estética, mas também a imersão e a interação. As cores adequadas podem definir atmosferas, orientar a atenção e melhorar a coerência, enriquecendo assim a participação e a experiência nos espaços digitais.
“Até o momento, o espaço virtual tem liberdade absoluta. A percepção do espaço físico exige que a cor, além de seu uso como ferramenta para expressar a personalidade do indivíduo, oculte a sensação claustrofóbica de, por exemplo, viver em um apartamento com menos de 50 m2. O uso da cor branca ou de cores próximas a ela nos diferentes planos (pisos, paredes e tetos) proporciona uma sensação de amplitude, enquanto as cores intensas a limitam. Se continuarmos a reduzir as dimensões do espaço habitacional, veremos muitas cores nos modelos virtuais, mas limitações claras nos modelos físicos”, escreve o arquiteto Jerzy Sloniewski, do México.
“A realidade aumentada e virtual possibilitará a visualização de diferentes combinações de cores e seus efeitos em tempo real. Percebo que as possibilidades são praticamente infinitas e oferecem uma ampla gama de oportunidades criativas, pois permitem a experimentação de cores de maneiras que não são possíveis no mundo físico. Os espaços virtuais imersivos permitem que você altere instantaneamente a paleta de cores e o desenho de um ambiente sem a necessidade de repintar ou reconstruir fisicamente, permitindo que você adapte o espaço a diferentes propósitos ou eventos”, escreve um arquiteto do Paraguai.
Fonte: Archdaily