Postado em 6 de novembro de 2023 por sn-admin
Texto de Nizan Guanaes
Toda vez que eu entro numa empresa que só tem gente jovem, eu falo: não vai dar certo! E quando só tem coroa, também. A melhor estratégia para se formar uma equipe é misturar cabeças brancas com cabeças novas. Combinar a experiência e a sabedoria que a idade traz e a atualização do software e a vivacidade que a juventude promove.
Esses dois mundos geracionais são muito complementares. Aliás, deve ter sido por isso que a sábia natureza criou essa dinâmica de gerações diferentes, esse fluxo de troca vital e orgânico.
Aristóteles, o grande sábio da Grécia, foi quem treinou Alexandre para ele ser o Grande. Um grande filósofo treinando um grande guerreiro. Tanta na sua empresa quanto na sua vida, ouvi os mais velhos é tão importante quanto ouvir os mais novos.
Se você quer pensar diferente e entender para onde o vento sopra, posicionar sua empresa de forma moderna para que o futuro não seja ameaça, mas promessa, não contrate só consultores. Ouça seus filhos, seus netos, a turma deles. Mas é imprescindível também ouvir os cabeças brancas, que já trilharam muitos caminhos, porque parte fundamental da caminhada é saber como caminhar.
Na troca fecunda entre gerações, coisas surpreendentes sempre acontecem. Ainda mais hoje, nessa época de tremenda aceleração tecnológica, que acentua ainda mais as diferentes percepções do mundo pelas diferentes gerações.
Diferenças que podem se manisfestar de maneiras surpreendentes.
Antigamente, os pais eram cheios de certezas e os jovens vinham com os questionamentos. Hoje, às vezes, eu acho que isso se inverteu. E nós, os cabeças brancas, com frequência temos a mente mais livre e os pensamentos mais fluídos. Muita gente no mundo digital não sabe subtexto, não entende “body language”. Ficam o tempo todo olhando a telinha, que não tem olho no olho. Todos sabemos o que é uma briga pelo zap. É um eterno mal-entendido, porque não tem subtexto, não tem tom de voz, não se percebe ironia. Só tem quele textinho chapado na telinha iluminada. Muitas vezes você fala uma coisa e a pessoa entende outra. O que não é cumunicação. É falha de comunicação.
Passei outro dia uma mensagem para uma pessoa que trabalha comigo, e ela respondeu: “Tá brigado comigo?” Eu disse, não! Estava falando apenas da proposta de um texto que ele me enviara, que não cabia no que estávamos fazendo.
A geração atual é muito careta em vários aspectos, principalmente na dificuldade em aceitar a diversidade do outro. Não a diversidade dentro de seu próprio grupinho, mas a diversidade dos que estão no outro grupinho. pensando muitas vezes o oposto do que você pensa. Os mais velhos muitas vezes são os mais transgressores.
No meu grupo de Harvar, eu tenho 65 anos e eles têm, em média, 35. Às vezes eu me sinto como o Robert de Niro no filme “O Estagiário”. Aprendo muito com eles, mas eles se surpreendem comigo. E eu adoro dar mentoria para gente jovem.
Sou de uma geração que achava planejamento e disciplina caretice. Só que o mundo deu voltas e hoje sou superplanejado, coisa que aprendi na vida e também com os jovens.
Então querido CEO, querido executivos e gestores, na hora de montar o seu time busque diversidade de verdade. Inclusive etária.
Já foi dito que a juventude é uma das maiores dádivas da humanidade, desperdiçada nos jovens. Eu acrescentaria que a maturidade é outra dádica imensa, que os mais velhos não têm como desperdiçar.
Na minha empresa, a diversidade etária é fundamental para traçar estratégias. Porque tem aplicativos que só os jovens conhecem, e tem aplicações que só os cabeças brancas entendem.
Fonte: @nizan_n_ideias