Postado em 11 de abril de 2024 por sn-admin
Fazer um mapeamento de cada item e procedimento de uma construção pode trazer resultados positivos na redução dos custos e também na sustentabilidade de uma obra. Foi com esse processo, chamado de aplicação de BIM (Building Information Modeling, em inglês, ou Modelagem da Informação da Construção), que a Reta Engenharia conseguiu reduzir em 11,28% os custos da operação e em 40% a pegada de carbono estimada na construção de uma hidrelétrica.
O uso dessa tecnologia foi discutido no primeiro dia do 98º ENIC | Engenharia & Negócios, durante o painel Benefícios do BIM na gestão de projetos complexos – aplicação e resultados. O 98º Encontro Nacional da Indústria da Construção é realizado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), dentro da FEICON, com o apoio do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e do Serviço Social da Indústria (Sesi).
O evento ainda tem o patrocínio do Banco Oficial do ENIC e da FEICON, a Caixa Econômica Federal, do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo (CREA-SP), Mútua, Sebrae Nacional, Housi, Senior, Brain, Tecverde, Softplan, Construcode, TUYA, Mtrix, Brick Up, Informakon, Predialize, ConstructIn, e Pasi.
Moderado pelo presidente da Comissão de Obras Industriais e Corporativas (COIC) e vice-presidente de área na CBIC, Ilso Oliveira, o painel ofereceu diversas experiências bem-sucedidas no uso do BIM em projetos de maior envergadura. De acordo com Lucas Fukuda, arquiteto master especialista em BIM da Reta Engenharia, o processo começou com entender como se dá a construção de uma hidrelétrica. “A gente já tinha estudado quais as etapas e os componentes do processo para fazer o manual, mas foi preciso entender cada etapa da obra para modelar o capex. Foi feito um inventário dos ativos para verificar se essa informação estava ou não modelada”, disse.
O modelo, segundo ele, permitiu identificar proativamente os desvios e fazer otimização orçamentária, gerando uma redução nos gastos de 11,28%. Esses inventários também possibilitaram o cálculo da pegada de carbono e tornaram a obra mais sustentável. “A gente conseguiu que a pegada atual estimada de 174 mil toneladas de carbono fosse reduzida com a substituição por materiais mais sustentáveis, principalmente aço e concreto. Atingimos, assim, uma redução de quase 40%, o que equivale a deixar de cortar 483 mil árvores. Isso é uma área relativamente considerável em relação às florestas”, pontuou.
Para Fukuda, a tecnologia permite oferecer empreendimentos cada vez melhores, com redução do impacto para viabilizar infraestruturas mais verdes, “atendendo ao que talvez seja um dos maiores desafios atuais, que são as mudanças climáticas”.
Além disso, o gerente de novos negócios da Reta Engenharia, Túlio Duarte Faria, acrescenta que esse tipo de modelo permite acesso a financiamentos sustentáveis. “Hoje, há dois modelos de aplicação de financiamento para projetos sustentáveis, tem o modelo de emissão de títulos e o de solicitação de empréstimos”, ressalta. Segundo Faria, entre as possibilidades de oferta de financiamento verde estão as do Banco Mundial, com linhas de crédito internacionais para projetos sustentáveis.
“É possível conseguir financiamento nessas linhas próximo à taxa de juros americanos de 5% a 6% ao ano. Se a gente jogar isso ao longo dos cinco anos, que é o tempo de implantação do projeto, o que você vai ter de ganho só dos juros sobre esse valor já paga a implementação do modelo BIM”, diz. “Ou seja, a viabilidade vai além da maior acurácia das informações de engenharia com o capex, mas também nessa modelagem financeira, que você consegue ter uma linha de financiamento mais competitiva, aumentando o ativo do projeto e reduzindo o payback”, completa.
Longe da utopia
Para Celso Pimentel, diretor comercial na MIP Engenharia, o caso comprova que o uso do BIM não é algo utópico. “As pessoas da área acham que vamos levar muito tempo para adotar esses modelos, mas estamos trazendo aqui casos reais de projetos relativamente grandes e complexos que mostram que é viável”, pontua. Para quem acredita que só é possível adotar a metodologia em projetos na fase inicial, Pimentel convida a conhecer os trabalhos do Grupo HTB no projeto 15Bis, de reforma do Aeroporto de Teresina.
Segundo Witis Saraiva, do Grupo HTB, o uso da tecnologia BIM permitiu a ampliação dos aeroportos administrados pela CCR e a reforma do Aeroporto de Teresina simultaneamente. “Isso não seria possível se não fosse a documentação de cada ativo. Não conseguiríamos estar juntos em locais diferentes trabalhando no mesmo projeto. Foram gerados mais de nove mil documentos em quatro meses e estamos nos aproximando de 16 mil. Tudo isso tocando uma obra em paralelo”, explica.
Esse tema tem interface com o projeto “Sustentabilidade das Empresas do Segmento de Obras Industriais e Corporativas”, da Comissão de Obras Industriais e Corporativas (COIC) da Câmara Brasileira da Indústria da Construção, em correalização com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).
Fonte: CBIC