Postado em 22 de julho de 2024 por sn-admin
O processo de industrialização da construção no Brasil pode ganhar um impulso com a reforma tributária que está em fase de regulamentação no Senado. Isso porque a construção off-site (fora do canteiro) passa a ter o mesmo peso tributário que a construção dentro do canteiro de obra. Hoje, essa linha de montagem é mais onerada.
Isso será uma mudança de chave de como a construção civil se comporta, disse o engenheiro civil José Carlos Martins, ex-presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), em sua palestra “Cenário atual, tendências e a industrialização da construção no Brasil”, na ES Construção Brasil, evento realizado em Vitória, pelo Sinduscon-ES.
“A gente vai ter que mudar a forma de construir. Precisamos aliar isso à sustentabilidade, que não permite que a gente tenha perdas. Temos um problema de falta de mão de obra capacitada. Precisamos reduzir a quantidade de horas trabalhadas no canteiro e transferir para dentro de uma indústria, coberta, sem poeira, sem sol, e temos a exigência do cliente que é cada vez maior. Quando se industrializa um processo, tem de se pensar mais profundamente no projeto, no uso e na manutenção”, disse o engenheiro.
A construção é um setor estratégico para o desenvolvimento do país. Hoje são 219 mil estabelecimentos e 2,7 milhões de empregados formais. Mas, alertou o palestrante, o setor vem perdendo dinamismo na última década.
A produtividade na indústria da construção está abaixo da média dos segmentos industriais intensivos em trabalho, bem como apresentou uma perda de produtividade mais
elevada. De acordo com Martins, a perda de produtividade chega a R$ 20 mil por trabalhador de 2010 a 2021.
A construção modular desponta neste cenário como uma alternativa para encarar esses desafios. A adoção da construção industrializada agrega maior valor ao setor, reduz o tempo de execução das obras, eleva a produtividade, afirma Martins.
“Se a gente não trabalhar e não adequar o nosso produto ao bolso da família, nós vamos perder mercado cada vez mais. Por que a gente tem que inovar? E por que nós temos que industrializar? Primeiro, porque somos um setor estratégico no crescimento nacional. Além de nós termos que crescer, nós somos estratégicos para o Brasil crescer”.
Só que esse processo encontra desafios, como ausência de programas estruturados, legislação que garanta segurança jurídica, burocracia e lentidão nas aprovações de projeto legal e de licenciamento ambiental.
Fonte: CBIC