Postado em 19 de maio de 2022 por sn-admin
Função pode ser desenvolvida nas empresas de projeto, construtoras, incorporadoras e contratantes de obras. Profissional é responsável pela estratégia BIM e sua execução, atuando como guardião do modelo
Pense em alguém que está inserido em todo o processo, alinhando informações e cuidando dos fluxos de entrega. Que conhece bem os sistemas disponíveis no mercado e trabalha pela qualidade do modelo BIM, em contato com todos os profissionais envolvidos. Que entende de sistemas construtivos e é capaz de integrar diferentes disciplinas e profissionais, de acordo com a estratégia estabelecida. Esse é o perfil desejado pelo mercado para o BIM manager ou gerente BIM.
O dia a dia, entretanto, depende muito de onde vai trabalhar esse profissional. Se for em uma empresa de projeto, por exemplo, é provável que se dedique muito à execução do plano BIM interno do escritório, às famílias e componentes, à organização da biblioteca e às documentações e padronização das informações.
No caso de uma construtora, a preocupação será integrar e orientar os projetistas, estabelecer regras de compatibilização e, em especial, verificar as prioridades de planejamento e custos, além do uso efetivo do BIM no canteiro. Em uma incorporadora ou contratante de obra, o foco talvez esteja mais no acompanhamento e gestão dos contratos e, em alguns casos, na futura operação do empreendimento.
GUARDIÃO DO MODELO
De qualquer forma, a função será sempre estratégica, pois o uso e operação da metodologia estará sob a sua responsabilidade. “O BIM manager trabalha na qualidade do modelo”, afirma a arquiteta Priscila Castro, gerente BIM da Sinco Engenharia. “Deve alinhar a comunicação entre todos os agentes, no que se refere ao fluxo das informações, datas e arquivos de entrega. Tudo de acordo com aquilo que foi contratado entre as partes e com as prioridades estabelecidas”, conclui.
A opinião de Priscila é compartilhada pela Arqa. Camila Kfouri, responsável pela área de Engenharia e Projetos BIM do Consórcio Aeroporto de Recife, pela Passarelli Engenharia e Construção. “É um profissional que, em geral, não modela e nem projeta, mas vai ser decisivo na definição estratégica e na gestão do Plano de Execução BIM”, afirma Camila.
Esse plano, também conhecido pela sigla PEB, apresenta diretrizes e critérios para implantar a modelagem da informação em um determinado empreendimento. Determina, por exemplo, os usos do modelo, as responsabilidades no desenvolvimento de projeto, marcos e entregas, regras de coordenação e sistemas (software) que serão adotados.
COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DO BIM MANAGER
Mas quais são, afinal, as principais aptidões necessárias para a função? Veja a seguir alguns dos requisitos, habilidades e competências desejadas pelos contratantes.
1) Conhecimento dos sistemas BIM
Premissa básica. Não há necessidade de ser um especialista e nem um programador, mas o profissional deve conhecer os sistemas disponíveis no mercado para diferentes disciplinas e usos. Isso inclui o projeto de arquitetura, de estruturas, instalações hidráulicas e elétricas, planejamento e gerenciamento da construção, controle de custos, visualizações, revisões e detecção de conflitos, renderização, soluções colaborativas etc.
“É preciso saber qual extensão será usada em cada entrega, como configurar as páginas e folhas no sistema, como modelar para extrair tal quantidade, enfim, ter alguma experiência com os softwares previstos no Plano de Execução BIM”, afirma Camila. “Isso é importante, inclusive, para ter condições de discutir prazos, qualidade e detalhes específicos com os especialistas em cada área”, completa a arquiteta. Outra dica importante: estudar interoperabilidade entre sistemas de diferentes desenvolvedores e saber trabalhar com formatos IFC (Industry Foundation Classes).
2) Vivência em obras e conhecimento técnico
Se considerarmos que BIM é construção virtual, como o principal responsável pela qualidade do modelo poderia não entender de arquitetura e engenharia civil? Simplesmente, não dá. “Se você não compreende como algo vai ser projetado e executado, como pode dizer que seu modelo está correto?”, indaga Priscila, da Sinco. Portanto, além da formação universitária, a vivência em projetos e obras é algo muito desejado pelos contratantes. E identificar profissionais com essa dupla aptidão – conhecimento técnico em construção e habilidade na operação dos sistemas BIM – não é tarefa fácil. Será um diferencial e tanto se você estiver preparado nesse sentido.
3) Visão estratégica e atenção aos detalhes
Parece até um contrassenso. Afinal, como ter uma visão holística e, ao mesmo tempo, capacidade de enxergar detalhes que poderiam passar desapercebidos para muitos profissionais? Pois é o que se cobra de um BIM manager: competência para participar ativamente das definições estratégicas, por exemplo, nas definições do PEB (Plano de Execução BIM) e atenção para identificar um ‘pequeno’ erro no modelo que pode ganhar maiores proporções no final do processo. “A análise crítica, no nível de detalhe, é muito importante.”, ressalta Camila. “Todas as informações que constam do modelo precisam estar coerentes e organizadas. Se algo estiver errado, isso pode gerar uma série de problemas na obra.”, conclui.
As pessoas também perguntam: O que faz um coordenador de projetos?
4) Comunicação e capacidade de integração
Trata-se aqui de uma habilidade similar à necessária aos coordenadores de projeto: saber se comunicar com diferentes interlocutores, ouvindo todos com atenção e respeitando visões distintas. E, por mais que alguns profissionais na área já tenham alguns bons anos de experiência, o BIM ainda está em processo de amadurecimento no Brasil. Ou seja, muitos conceitos, práticas e padrões ainda estão sendo desenvolvidos. É necessária, portanto, paciência para entender esse processo e humildade para não se colocar como dono da verdade. O que está valendo hoje talvez não sirva mais amanhã.
5) Comprometimento
O termo é discutível. Afinal, deixar uma empresa não é sinônimo de falta de comprometimento. Uma reclamação comum dos contratantes, entretanto, se refere à alta rotatividade do pessoal. Alguns atribuem à faixa etária dos novos profissionais que ingressam para atuar como BIM manager. Os jovens teriam menos apego ao emprego e logo sairiam em busca de novas oportunidades – por vezes, nem tão vantajosas assim.
Em resumo, quando a empresa começa a ganhar confiança no trabalho, eis que o profissional pede para sair e lá se vai um bom tempo de formação e treinamento. Não se trata de um problema específico da função, mas atrapalha a fixação de quadros mais experientes. É um tema que pode surgir para candidatos em processos de seleção.
Fonte: AEC WEB