Postado em 27 de junho de 2022 por sn-admin
A escolha entre reformar um imóvel ou optar pela sua demolição envolve a análise de variáveis que levantam muitas dúvidas no mercado da construção civil. De fato, não existem regras pré-definidas a respeito desse dilema e, diante disso, cada caso é avaliado individualmente. Até mesmo porque surgiram nos últimos anos soluções tecnológicas que oferecem alternativas mais interessantes e baratas de resolução de problemas estruturais que, no passado, exigiriam a derrubada da construção. Em Campinas, um levantamento feito junto à Secretaria de Planejamento e Urbanismo revela que o número de imóveis demolidos na cidade cresceu mais de 70% nos quatro primeiros meses deste ano, em comparação com igual período de 2020, primeiro ano da pandemia da covid-19, quando a atividade econômica praticamente congelou em todo o país e o mundo.
Especialistas no assunto afirmam que o ato de demolir um imóvel é precedido por uma criteriosa avaliação técnica e isso, na maioria das vezes, envolve uma decisão complexa. O problema maior, além do aspecto econômico, operacional e financeiro, envolve o impacto ao meio ambiente, devido à elevada quantidade de entulho e poeira gerada pela atividade. Neste caso, é possível afirmar que a demolição de um imóvel contraria conceitos elementares da sustentabilidade?
Engenheiros e arquitetos ligados a entidades representativas da categoria afirmam que sim. Entretanto, eles mesmos afirmam que, em alguns casos, essa opção se torna inevitável, especialmente quando a qualidade e o desempenho da edificação estão seriamente comprometidos.
Alterações no tipo do uso do empreendimento, nas características do seu entorno ou na legislação também têm potencial de estimular a demolição. As mudanças mais recentes promovidas no arcabouço legal do Plano Diretor da cidade estão sendo fundamentais para estimular o lançamento de novos empreendimentos imobiliários que exigem, na maioria das vezes, a derrubada de casas e edificações antigas para dar lugar a projetos verticais, que contribuem para um maior adensamento urbano. Um exemplo disso foi a derrubada completa do centenário prédio que abrigou a histórica Fábrica de Chapéus Vicente Cury. De todo modo, a demolição de imóveis, casas e prédios antigos constitui um relevante indicador de desenvolvimento urbano e retomada da atividade econômica. Com isso, a cidade poderá – ainda que de forma branda – trilhar novamente a rota da geração de riquezas e abertura de novas oportunidades de trabalho.
Fonte: Correio