Praças ganham valor nos projetos de alto padrão

Postado em 14 de novembro de 2023 por

Na selva de pedra paulistana, incorporadoras investem em imensos espaços abertos e verdes — dentro e fora dos condomínios —, visando reconectar pessoas e natureza e estimular a convivência entre elas e com a cidade

No Japão dos anos 1980, o termo “shin run-yoku” — banho de floresta, em português — foi criado para estimular as pessoas a se conectarem mais à natureza daquele país. O objetivo era fornecer um antídoto ecológico contra o “burnout” tecnológico vivido pelos japoneses já naquela época.

Na São Paulo de 2023, incorporadoras tentam recriar o “banho de floresta” em seus lançamentos mais recentes, projetando grandes praças arborizadas dentro ou no entorno dos condomínios. A ideia é aliviar a tensão a partir do contato com a natureza, além de promover a convivência entre as pessoas — e delas com a cidade.

Na Zona Sul da capital paulista, a Cyrela desenvolve o projeto Eden Park by Dror referência ao designer e artista visionário israelense Dror Benshetrit, fundador do movimento Supernature Labs, que assina a concepção do projeto.

O empreendimento ocupará uma área de 40 mil metros quadrados, cerca de seis quarteirões, no bairro do Brooklin. Serão sete torres residenciais no total — duas projetadas pelo estúdio Yoo, de Phillippe Starck e John Hitchcox —, edifício de escritórios, shopping center e um grande parque arborizado, com 8,3 mil metros quadrados e mais de 300 árvores plantadas, a principal centralidade do projeto.

“Acreditamos que a cidade do futuro precisa estar conectada à natureza. Por isso, todo o masterplan foi desenvolvido a partir de um pulmão verde”, explica Alexandre Dentes, gerente geral de Negócios e Incorporação da Cyrela. “A praça é protagonista do projeto. Esperamos que ela se torne também um cartão-postal e um presente para São Paulo.”

Na linha de ambientes abertos que integram os espaços público e privado, a Idea!Zarvos entregará em 2026 o Damata, primeiro projeto do arquiteto Isay Weinfeld no Itaim. É um conjunto de duas torres (residencial e comercial), que se organizam em torno de uma praça pública.

“Fizemos uma praça enorme, de três mil metros quadrados, semicoberta, com fruição pública e cercada de lojas e restaurantes, tudo aberto aos moradores e ao público que frequenta o bairro”, explica Otavio Zarvos, CEO e sócio-fundador da incorporadora.

Para o executivo, a criação do espaço atende a um dos três pilares da companhia: apuro estético, arquitetura autoral e cuidado com o entorno dos prédios. “Incorporadores têm uma obrigação urbanística. Além de fazer bem-feito, precisam colaborar com soluções que tornem a cidade melhor”, diz.

Em Pinheiros, a Stan Desenvolvimento Imobiliário finaliza o empreendimento Praça Henrique Monteiro — sim, tem praça até no nome —, assinado pelo arquiteto Arthur Casas, com paisagismo de André Paoliello. A entrega é prevista ainda para este ano.

O prédio com residências de 232 metros quadrados traz como diferenciais um hotel-boutique nos pisos inferiores, restaurante e “boulangerie”, operados pelo Bistrô Charlô. No mezanino, um agradável jardim privativo, onde foram plantadas 62 espécies de plantas e 21 árvores frutíferas, todas de fácil manejo e baixa manutenção. “Nossos clientes valorizam muito ter uma praça a seus pés. É um respiro verde e de tranquilidade para quem for morar e frequentar o prédio”, conta Stefan Neuding, vice-presidente da Stan.

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Com uma proposta diferenciada, o multiúso JK Square, da SDI Desenvolvimento Imobiliário, conecta prédio de apartamentos, hotel e torre corporativa também por meio de uma praça. Só que, neste caso, em vez de um bosque com árvores, o charme vem de obras de arte que pretendem propor um momento de bem-estar aos pedestres.

O empreendimento tem projeto de arquitetura do escritório norte-americano Kohn Pedersen Fox (KPF) — o mesmo que concebeu o Hudson Yards, de Nova York —, com interiores de Carlos Rossi e paisagismo de Sérgio Santana. A entrega está prevista para 2024.

Fonte: O VALOR