Postado em 22 de novembro de 2023 por sn-admin
O projeto de Paul Clemence, ambientado no conjunto arquitetônico de Pampulha, em Minas Gerais, traz obra têxtil que reflete a arquitetura pela água.
O diálogo entre o natural e o construído, a natureza e a arquitetura e a justaposição entre eles: esses são os elementos responsáveis por tecer uma miragem moderna no ensaio fotográfico de Paul Clemence, batizado de Modern Mirage.
A partir dos reflexos da Lagoa da Pampulha – que abriga o conjunto arquitetônico homônimo e assinado pelo então jovem Oscar Niemeyer –, o artista visual refaz elementos característicos da construção iconoclasta através do movimento de um tecido que dança com a visão avant-garde de Niemeyer.
“A Casa do Baile sempre foi um dos meus projetos favoritos do Oscar Niemeyer,” conta Paul. “Foi ali que as famosas curvas do Oscar criaram força e decolaram em sua longa e bela trajetória. O conjunto em si é de uma coerência sublime, onde cada parte, mesmo tendo caráter próprio, está em sintonia ao todo, formando um poema arquitetônico em que cada edificação flui naturalmente à próxima. Cada uma é um exercício de formas e luz”, complementa.
“Até mesmo a relação entre cheios e vazios aqui é mais gentil, estabelecendo um contexto que convida e acolhe ao invés de se impor como monumento,” frisa.
Similarmente, Modern Mirage se relaciona com a arquitetura dessa maneira mais direta e íntima, em reverência e diálogo com o espaço. De linguagem semi-abstrata, o tecido de voile transita entre o estado líquido, do lago, e sólido da arquitetura da Casa do Baile, brincando com a noção de ilusão de ótica ao retratar composições como fachadas, eixos verticais e marquises refletidas.
O título – que significa “miragem moderna”, em tradução livre – vem justamente dessa perspectiva do artista diante de imagens distorcidas e ilusórias que, “derretendo”, adquiriram qualidade poética.
A luz, que perpassa o material, e a transparência, também evocam a sensação de enxergar por um filtro; a partir disso, a obra se vê não apenas como objeto, mas como uma experiência contemplativa da paisagem. “Ou seja, a obra traz para dentro da Casa tanto a paisagem como a própria Casa de volta a si mesma,” pontua Paul.
“Já a instalação dialoga com o espaço em vários níveis. Acho que o principal é a leveza da obra em justaposição a suavidade das linhas da arquitetura: a fluidez do traço arquitetônico com a balanço do tecido,” acrescenta Paul. O conjunto da Pampulha – patrimônio da UNESCO – é caracterizado justamente por essa característica: a manipulação do concreto em linhas e movimentos, que referenciam a organicidade das tradições brasileiras.
“Já a instalação dialoga com o espaço em vários níveis. Acho que o principal é a leveza da obra em justaposição a suavidade das linhas da arquitetura: a fluidez do traço arquitetônico com a balanço do tecido,” acrescenta Paul. O conjunto da Pampulha – patrimônio da UNESCO – é caracterizado justamente por essa característica: a manipulação do concreto em linhas e movimentos, que referenciam a organicidade das tradições brasileiras.
Fonte: Revista Casa e Jardim