Postado em 6 de maio de 2024 por sn-admin
O 1º Estudo Demográfico da Advocacia Brasileira (Perfil ADV), conduzido pela Fundação Getulio Vargas (FGV) a pedido do Conselho Federal da OAB, trouxe à luz uma radiografia inédita e abrangente sobre a advocacia no país. Entre os aspectos revelados pela pesquisa, destaca-se a ascensão do home office como uma realidade para uma parcela significativa dos advogados e advogadas brasileiros: 43% relataram trabalhar remotamente, evidenciando a crescente adoção dessa modalidade de trabalho.
Os dados mostram que este número sobe para 51% entre os autônomos, mostrando uma tendência predominante nesse segmento. Além disso, o trabalho remoto entre os que integram empresas ou escritórios privados é de 32%, e entre os que exercem cargo público é de 15%.
O estudo também aponta nuances importantes sobre a distribuição dessa prática em diferentes segmentos da advocacia. Por exemplo, observa-se uma maior frequência de home office entre as mulheres (46% contra 39% entre os homens), bem como entre os profissionais mais experientes, especialmente com 60 anos ou mais (51%, contra 35% entre 21 e 23 anos) e na faixa de renda familiar mais baixa (até dois salários mínimos são 59%, contra 30% na faixa acima de 20 salários mínimos).
Os pesquisadores também encontraram correlações entre a modalidade de trabalho e outros aspectos socioeconômicos. Os dados mostram que 73% dos advogados que trabalham em home office têm rendimentos na faixa até cinco salários mínimos, em comparação com 58% daqueles que trabalham no modelo presencial. Além disso, na faixa mais elevada de rendimento (acima de 20 salários mínimos), apenas 3% dos advogados que trabalham em home office se encontram nessa categoria, em comparação com 8% daqueles que atuam no modelo presencial.
O levantamento ainda destaca disparidades regionais, com o Sudeste apresentando o maior percentual de advogados que trabalham remotamente (48%), enquanto no Norte esse número cai para 32%. Tais diferenças geográficas sugerem não apenas questões infraestruturais, como acesso à internet de qualidade, mas também variações culturais e socioeconômicas.
O vice-presidente da OAB Nacional e coordenador do 1º Perfil ADV, Rafael Horn, reitera o compromisso com o progresso democrático da instituição para garantir mais avanços e impedir retrocessos. “O estudo, portanto, nos permite seguir trabalhando por arranjos político-legais e pela elaboração de novas possibilidades de estruturação de uma advocacia e de uma cultura jurídica pautada na igualdade consentânea ao Estado Democrático de Direito”, disse.
“Os dados coletados são essenciais para planejarmos o futuro da advocacia no Brasil, garantindo que nenhum advogado, independentemente de sua localização ou especialidade, fique sem apoio”, complementa Horn.
Jornada flexível
De acordo com o Perfil ADV, o fenômeno do home office reflete não apenas a busca por maior flexibilidade, mas também a influência das inovações tecnológicas no campo da advocacia. Segundo a pesquisa, 95% dos entrevistados consideram que o uso de tecnologias facilita significativamente o trabalho do advogado, evidenciando que a advocacia brasileira está em consonância com as ferramentas digitais no exercício da profissão.
No entanto, além dos pontos positivos, os pesquisadores alertam sobre os possíveis impactos do home office na saúde mental e no bem-estar dos profissionais. “Considerando estudos recentes sobre o risco de isolamento social e prejuízos à saúde mental relacionados às jornadas flexíveis e ao home office, esse dado merece atenção quanto à importância de ações de prevenção, atenção e apoio voltadas aos profissionais que atuam nessa modalidade de trabalho”, ressalta o estudo.
Perfil ADV
O 1º Estudo Demográfico da Advocacia Brasileira (Perfil ADV), iniciado em agosto de 2023, buscou mapear as características da advocacia no Brasil, evidenciando padrões gerais e regionais, além de dificuldades e peculiaridades da profissão. Encomendado pelo Conselho Federal da OAB à FGV, o estudo entrevistou 20.885 advogados e advogadas, a maior pesquisa já realizada sobre o perfil da advocacia no país.
Fonte: Rota Juridica