Postado em 25 de setembro de 2024 por sn-admin
Com mais áreas comuns e serviços de hotelaria, empreendimentos atraem moradores em busca de contratos flexíveis e unidades mobiliadas
Tem mercado, academia, espaço de trabalho compartilhado, banho de pet e até café da manhã. Nos novos empreendimentos multifuncionais lançados em São Paulo, tudo se resolve sem sair de casa. Com contratos de aluguel mais flexíveis e uma profusão de serviços e áreas comuns, os prédios superequipados estão se tornando a alternativa favorita de quem quer economizar tempo morando na capital.
“Com a minha rotina agitada e tudo o que preciso decidir no trabalho, prefiro ter o mínimo possível de problemas para resolver”, diz Diogo Barbosa, 35, empresário do ramo de marketing digital. Na unidade Housi Bela Cintra, onde mora há quatro anos, as facilidades incluem serviço de limpeza e manutenção, lavanderia e uma farmácia disponível 24 horas. Academia e coworking são os espaços mais recorrentes nesse formato.
Áreas comuns do Ayra Pinheiros (Roberto Setton/Veja SP)
“Já cheguei a fechar negócios com um vizinho, que engatou conversa comigo na mesa”, conta.
Reduto de lojinhas e pontos gastronômicos (veja abaixo), Pinheiros é um dos principais bairros com opções como essa.
“Aqui tem bastante gente da tecnologia, então o coworking é agitado e criamos um evento periódico entre amigos. As áreas comuns fazem diferença na felicidade da comunidade”, acredita Cauê Cardoso, 41, profissional da área de TI que mora no Ayra Pinheiros, inaugurado em outubro do ano passado. “Começamos um grupo de mensagens para vender móveis, depois outro da galera que faz corrida e o do pessoal que gosta de cozinhar”, conta.
“Nem tudo são flores na relação, mas ainda é infinitamente melhor do que ter que lidar com uma assembleia de moradores e síndico.”
Lockers no Ayra Pinheiros (Roberto Setton/Veja SP)
Com acessos pela Avenida Rebouças e pela Rua dos Pinheiros, atualmente a unidade tem 90% de ocupação e funciona em sistema de aluguel long stay (com contratos de três a doze meses). Seguindo o perfil moderno de boa parte dos residentes, a rede instalou uma cabine de gravações de podcast, que pode ser usada mediante reserva (sem custo extra), assim como as salas individuais de reunião.
Importada dos Estados Unidos, a rede Ayra, da Greystar, segue em expansão na cidade e terá sete unidades em funcionamento até 2026. Duas delas serão inauguradas neste ano: uma em Higienópolis e outra com o selo Pininfarina, da marca italiana de design, também em Pinheiros.
Cristiano Viola, diretor de operações da Greystar no Brasil (Roberto Setton/Veja SP)
“Esta será a nossa flagship, com menos estúdios e unidades maiores, de 70 a 100 metros quadrados”, descreve Cristiano.
No endereço de Moema, previsto para inaugurar em março de 2025, serão 337 apartamentos, cinema, quadra de tênis e sala de karaokê. “Em Higienópolis, teremos trinta áreas comuns, de que vamos cuidar com ativações, como degustações de vinhos e drinques”, adianta.
Uma das motivações para viver em modelos como esse é a fuga das obras em casa. “Muitos passam de três meses a um ano durante as reformas”, diz Lucas Cardozo, diretor de operações da JFL, que cuida de sete prédios em São Paulo e aluga com contratos que vão de trinta dias a trinta meses. “O morador pode fazer as adaptações que quiser, mas o apartamento vem 100% pronto.”
“No meu caso, as obras atrasaram, o que sempre acontece”, conta a arquiteta e influenciadora Amanda Ferber, 29, que também escolheu ficar no Ayra Pinheiros. “Gosto do lifestyle, do rooftop coletivo com piscina, churrasqueira e espaços de convivência para receber os amigos. Eu sempre priorizava apartamentos grandes, mas mudei minha visão e agora prefiro o acesso a tudo nas áreas comuns. A única ‘desvantagem’ é ter acesso à lojinha na hora que quiser. Já cheguei a atacar uma barrinha de chocolate às 3 da manhã”, diverte-se.
Amanda Ferber, moradora do Edíficio Ayra Pinheiros (Roberto Setton/Veja SP)
As comodidades típicas da hotelaria fazem parte do pacote em muitos desses endereços. Com quase setenta empreendimentos em São Paulo, a plataforma Charlie comanda uma versão flagship na Vila Clementino, onde inclui arrumação diária, atendimento de concierges e bufê de café da manhã. Nas unidades da JFL, o enxoval é da grife Trousseau e o café é assinado por Thiago Cerqueira.
“A praticidade de morar em um lugar como esse te dá mobilidade e bem-estar, com poucas preocupações com a rotina”, observa o empresário e designer Rodrigo Trussardi, 58, instalado há quase três anos no JFL 125, em Pinheiros. “Você entra com tudo mobiliado, tem a limpeza diária e ainda um spa. E São Paulo é uma cidade muito fria, muitos nem conhecem o vizinho, então, quem vem de fora acaba fazendo muitas amizades.”
Ines Gnassou, moradora do Ayra Pinheiros, na sala de ginástica (Roberto Setton/Veja SP)
Na mesma onda, o Grupo Emiliano tem investido em sua versão boutique, a V3rso, com opções de locação para longa estadia em duas unidades previstas para 2025: uma torre no Parque Global, localizado entre o complexo Cidade Jardim e o Parque Burle Marx, e um prédio na Alameda Santos, nos Jardins.
“Assim como um hotel leva sua bandeira para um prédio, nós levamos para os residenciais”, resume Alexandre Lafer Frankel, presidente da Housi, que hoje conecta serviços de várias categorias em 180 prédios na capital, como aluguel de carros, adega de vinhos e venda de itens para animais de estimação. “A moradia passa a ser o lugar onde as pessoas se alimentam, trabalham e se conectam.”
Fonte: JCVeja SP