Com 6,89 m², menor apê do mundo multiplica espaços com empilhamento de cômodos

Postado em 27 de setembro de 2024 por

Com diversas soluções arquitetônicas e até direito a spa, o imóvel ganha espaço ao empilhar e embutir os ambientes

Com 6,89 m², um pequeno imóvel em Roterdã, na Holanda, desafia a metragem reduzida com soluções arquitetônicas inusitadas. Considerado o “maior” menor apartamento do mundo, a Cabanon traz um cubo na parte interna que subdivide o espaço em quatro ambientes distintos: uma sala de estar, uma área de dormir, um banheiro e um spa com banheira.

O nome é inspirado na cabana homônima de Le Corbusier em Côte d’Azur, na França. O projeto, de 1951, explora o conceito de espaço mínimo, que era uma das preocupações dos arquitetos modernos do século 20, e apresenta uma construção simples de madeira de 13 m² – o dobro do Cabanon de Roterdã.


A sala de estar do Cabanon tem 3 m de altura e fica de frente para uma ampla janela — Foto: Ossip van Duivenbode / Divulgação

O projeto holandês foi desenvolvido pelos escritórios STAR Strategies and Architecture, da arquiteta espanhola Beatriz Ramo (@star_strategies_architecture), e BOARD (Bureau of Architecture, Research and Design), do arquiteto alemão Bernd Upmeyer (@bureau_of_architecture_r_d).

O casal, que vive em um apartamento maior na vizinhança, comprou o imóvel em 2013. Ele está localizado no último andar de um edifício residencial da década de 1950 e serve como espaço de retiro pessoal e acomodação para hóspedes.

Ao longo dos anos, a reforma acabou se transformando em um laboratório de experimentação, por meio do qual os arquitetos buscaram mostrar que é possível manter a qualidade e o conforto mesmo em espaços reduzidos. Fora do que se costuma fazer em imóveis pequenos, a dupla decorou os ambientes com cores e padrões vibrantes, ao invés dos tradicionais tons neutros.


O grande cubo abriga abriga a cama, a “cozinha”, o banheiro e o spa do Cabanon — Foto: Ossip van Duivenbode / Divulgação

Outra premissa do projeto foi explorar as diferentes alturas dos espaços, encaixando-os como blocos de montar e pensando mais em metros cúbicos do que quadrados. Em frente à ampla janela, a sala de estar de 3 m de altura tem um forte tom de coral com ladrilhos de padrão geométrico tridimensional. Uma fileira de bancos baixos permite contemplar a vista da cidade.


Ao olhar de baixo, é possível ter uma ideia de como o Cabanon é pequeno, mas bem aproveitado — Foto: Ossip van Duivenbode / Divulgação

A área de dormir tem um brilhante tom de verde e 1,14 m de altura. Ela fica em um mezanino acessado por uma escada embutida, aproveitando o pé-direito alto do imóvel, e tem armários em um dos lados.

Abaixo dele, diversas pequenas portas escondem a “cozinha” e os espaços variados de armazenamento. Neste grande móvel de madeira, encontram-se guardadas a pia, um frigobar, um micro-ondas e até a mesa de refeições.


Recorte mostra detalhes da parte do mezanino e do spa do Cabanon de Roterdã — Foto: Montagem com foto de Ossip van Duivenbode / Divulgação

A entrada do banheiro, recoberto de mosaicos azuis e com vaso sanitário e chuveiro de teto, também fica embutida no móvel da sala. Nele, uma porta deslizante guarda o spa de mármore preto com banheira de hidromassagem – o primeiro item a ser instalado no apartamento – e sauna infravermelha.

“O Cabanon parecia ficar maior à medida que adicionávamos mais programas. É pequeno, mas, no final, você tem uma caixa de surpresas”, disse Beatriz ao The New York Times.


Recorte feito no computador revela como é parte interna do banheiro/spa do Cabanon — Foto: Montagem com foto de Ossip van Duivenbode / Divulgação

Os espaços do Cabanon foram projetados com base em produtos standard do mercado, desde o colchão até o frigobar, evitando os gastos com produtos sob medida. Ao todo, o casal de arquitetos diz ter gasto cerca de US$ 23 mil na obra.

Apesar da solução inovadora para pequenos espaços, a dupla não vê o projeto como algo que poderia combater a crise imobiliária com habitações cada vez menores, mas que pode servir de modelo para tornar as moradias atuais melhores e mais baratas. “Trata-se de otimizar o espaço, não no sentido de reduzi-lo, mas de maximizar absolutamente tudo”, falou a arquiteta.

O Cabanon também pode ser um impulso rumo ao minimalismo, incentivando o desapego à posse e ao consumismo. “Com isso, ficamos menos inclinados a comprar e acumular objetos inúteis que bagunçam nossas casas (e mentes)”, destacam os profissionais.

Fonte: JCRevista Casa e Jardim