Postado em 18 de dezembro de 2020 por sn-admin
Depois de um período de reclusão onde estávamos tentando entender esse novo cenário maluco, estamos de volta. A pandemia nos fez rever vários conceitos, relacionamentos pessoais e profissionais e nos fez, mais do que nunca, olhar para dentro da nossa própria casa, da nossa família e do nosso lar.
Tivemos que cuidar muito mais uns dos outros e isso envolveu inclusive mexer em tudo que estava incomodando. A zona de conforto mais uma vez foi balançada. Com isso, o mercado de arquitetura e decoração cresceu e muitos profissionais da área estão ajudando a todos a resgatarem sua essência no novo morar. O mercado está extremamente aquecido e isso é muito bom!
Em entrevista feita antes da pandemia com os arquitetos Fernando Consoni e Caio Ghizzi, dois importantes profissionais da arquitetura e decoração no mercado da região de Campinas, clicados pelo fotógrafo Doug (www.dougph.com), falamos sobre arquitetura, história, estilos, morar bem e espaços gourmets.
Bate-papo
Em uma tarde de terça-feira, sou recebida pelo meu querido amigo o arquiteto Fernando Consoni e seu sócio, o arquiteto Caio Ghizzi, em seu simpático e moderno escritório, para um super bate-papo, com o tema áreas gourmets.
O escritório existe há 15 anos em Campinas e atende São Paulo também, desde que Fernando se formou em Arquitetura e depois com a entrada do seu sócio Caio, há cinco anos. Além da arquitetura, Fernando possui pós-graduação em Administração de empresas e MBA em Arquitetura de luxo.
Começamos a nossa conversa sobre onde buscam inspiração para atender seus clientes. Rapidamente Fernando começa dizendo que buscam fazer uma boa arquitetura, independente do estilo, com visão modernista. Não com a mesma fidelidade da década de 50, mas com uma vertente moderna no tipo de estrutura, com vãos e aplicação de materiais, com predominância do concreto ou aço, sem bases rústicas ou rurais, sempre seguindo a escola paulista de arquitetura. Segundo Caio, embora sigam este padrão, atendem à necessidade real do cliente, não visando uma “casa showroom” e sim o que é mais adequado pra quem irá residir nela. Cada cliente, dizem os arquitetos, é único e merece um projeto humanizado e com muito amor. “Para se ter uma boa experiência enquanto pessoa, que seja uma jornada proveitosa do início ao fim, a gente não faz bege”, diz Fernando Consoni.
Para eles, não há um estilo impositivo, e sim a escuta do cliente, em longas conversas com soluções estéticas que remetem a uma marca própria de arquitetura, mas visando a qualidade de vida, pois “Arquitetura é solução do espaço”, pontua Fernando.
Em várias oportunidades, Fernando tem mostrado a importância das áreas gourmets. Participou do programa Masterchef 2019 da Band, que agregou algo em sua profissão, com a tão falada cozinha afetiva e ligação com áreas gourmets.
Ele brevemente me dá uma aula de história, contextualizando sobre séculos anteriores, onde a cozinha era em benefício próprio, um ambiente separado da área nobre, onde criados cozinhavam. Os restaurantes existiam para as pessoas se curarem quando estavam doentes, para se restaurarem, por isso o nome restaurante.
Passaram-se alguns séculos e tivemos a expansão dos restaurantes e as cozinhas perderam essa importância. Recentemente, nas casas de nossas avós era comum o almoço de domingo, a reunião do final de semana e sempre muita comida. Com o advento das redes sociais e a velocidade de informação, isso se perdeu um pouco e as pessoas se distanciaram. A rede social fez com que as pessoas se aproximassem virtualmente e se distanciassem fisicamente. Mas como todo comportamento humano, isso é cíclico, afirma Consoni. Quando gera esse distanciamento, também gera uma carência afetiva. É por isso que começou esse crescimento dos espaços gourmets.
E com isso as pessoas começaram a voltar para casa. Nós tivemos um período em que as construções e a decoração eram mais frias. Uma busca do minimalismo, que foi distanciando as pessoas de casa com cara de casa, de aconchego, de trazer família para casa, amigos. Agora isso voltou, afirma com um tom de voz bem positiva e emocionada.
Espaço gourmet
Os espaços gourmets ganharam mais área, porque as pessoas estão trazendo as famílias e os amigos para dentro de casa. Tanto que uma grande tendência é que os restaurantes sejam apenas um espaço de alimentação tipo self service, ou que eles passem a oferecer uma experiência para os clientes. A tendência para o mercado de restaurante é que seja uma experiência gastronômica, só que até os chefs de cozinha estão fazendo a comida da avó. Essa fase de experimentação gastronômica passou um pouco.
“A gente tem agora uma coisa afetiva, essa questão afetiva interfere em tudo, tanto na gastronomia quanto na arquitetura. Por isso esse crescimento tão grande nos espaços gourmets”, pontua Fernando. Ao falar sobre o programa masterchef e linkar com a arquitetura, Fernando diz que pegou prática na cozinha e, ao fazer o projeto, consegue ver o que efetivamente funciona e o que não funciona.
Para finalizar, a pergunta que não quer calar: Fernando, você deixou a arquitetura de lado para ser chef? Ele responde: “De jeito nenhum, em hipótese alguma. Eu sou um arquiteto que gosta de cozinhar, a cozinha para mim é hobby. O escritório nunca parou. Desde o começo do masterchef, a decisão foi tomada pelos dois, no que isso poderia trazer para o escritório. Apesar do escritório ter meu nome, pois o fundei há 15 anos, tenho meu sócio Caio que durante todo o período que eu fiquei no programa comandou tudo. Na verdade, até agora, porque às vezes eu mal consigo vir aqui. Mas agora estou com mais tempo para voltar a me dedicar à arquitetura. Eu sou arquiteto, eu sempre fui arquiteto, vou ser sempre arquiteto. Não vejo por que não usar o meu hobby nas horas vagas de alguma forma profissional. Sou capricorniano, então não consigo fazer nada só por hobby. Tudo tem que ser muito a sério, então se eu for jogar bola, vira profissão; crossfit, atleta; se cozinho, viro profissional.“
Contatos: Fernando Consoni Arquitetura
Fonte: Bet365