Postado em 3 de fevereiro de 2021 por sn-admin
Naturalmente associadas a características como simplicidade e clareza, mas também expressividade, vivacidade e energia, as três cores primárias, responsáveis por dar origem a outras cores, oferecem uma série de possibilidades de aplicação na arquitetura. Elementos cruciais das composições dos principais expoentes do movimento De Stijl, como Piet Mondrian, Theo van Doesburg e Gerrit Rietveld, o amarelo, azul e vermelho, quando usados em conjunto, tornaram-se uma espécie de ícone no design e na arquitetura, e para muitos profissionais da área, uma obsessão.
Além das clássicas reproduções das cores primárias em conjunto com grids pretos e formas geométricas, o uso do amarelo, azul e vermelho pode ser encontrado na arquitetura de variadas formas — desde o mobiliário aos elementos construtivos — e em diferentes tipologias. É frequente, por exemplo, seu uso em escolas e edifícios ligados à educação ou ao público infantil, seja pela intenção de enfatizar o caráter educacional do edifício, como para estimular o aprendizado e a criatividade dos seus usuários.
Conheça, a seguir, uma seleção de projetos publicados no ArchDaily, desde os clássicos do movimento De Stijl aos mais contemporâneos, que exploram diferentes arranjos de cores primárias e possibilidades do seu uso na arquitetura.
A flexibilidade dos espaços interiores e a qualidade planimétrica da Residência Rietveld Schröder, de Gerrit Rietveld, a tornam singular em cada nível. A casa, projetada em 1925, é marcada pelo uso de cores primárias e ideias em torno da abstração, precisão, geometria, pureza artística e austeridade. Um ano depois, Theo van Doesburg, um dos fundadores e líderes do movimento De Stijl, projeta o Café L’Aubette, cuja estética minimalista e geométrica fora fortemente influenciada pelo trabalho de artistas contemporâneos como Piet Mondrian.
Outro exemplo de uso de cores primárias pode ser encontrado na Casa Eames, de 1945, projetada pelo casal Eames como parte do Programa Case Study Houses, idelizado pela Revista Arts and Architecture. A estrutura de aço da casa é preenchida com painéis foscos e translúcidos de diferentes tamanhos e cores dispostos de forma a criar uma luz dinâmica no interior ao longo do dia. Anos mais tarde, em 1959, é inaugurada a Maison du Bresil, uma das vinte e três residências internacionais da Cité Internationale Universitaire de Paris e um exemplo significativo dos projetos residenciais de alta densidade de Le Corbusier. As cores primárias estão presentes em pilares, portas, esquadrias e nos interiores das varandas.
Entre projetos recentes que empregam as cores primárias, a ampliação de um apartamento no Edifício Brasil, concebida pelo Alvorada Arquitetos, é fruto de uma anexação da unidade vizinha ao apartamento já reformado pelo escritório cinco anos antes. No edifício, cada pavimento possui uma cor específica, e a cor verde do andar da intervenção se funde e cria um diálogo com as cores do projeto.
Segundo o People’s Architecture Office, o projeto para a sede do 21 Cake “depende da interação das três cores primárias: vermelho, amarelo e azul”. As paredes localizadas ao longo das áreas de circulação são feitas de vidro colorido laminado colocados em camadas de forma a criar um espectro de cores que se alteram.
O Pavilhão Social, projeto de Anália Amorim, Ciro Pirondi e Ruben Otero, teve como objetivo inicial a realocação de programas educativos e sociais cujas sedes tiveram que ser removidas devido a obras de infraestrutura ou por estarem em áreas de risco. Em 2020, o Pavilhão conseguiu reunir diferentes atividades de luta contra a pandemia de Covid-19 por ser um espaço coberto, aberto e bem ventilado.
Em 2018, o escritório Crossboundaries projetou a Jinlong Prefab School no distrito de Pingshan, na metrópole chinesa Shenzhen. Segundo a descrição da equipe do projeto, o conceito das cores define áreas de circulação em azul e locais de encontro para crianças e estudantes em amarelo.
Segundo o escritório André Mesquita Arquitectos, são três os princípios sobre os quais foram estabelecidas as regras da renovação da Casa Loures: proporções, métrica e o uso da cor. A intervenção se desenvolve em três zonas diferentes, mas unidas entre si através do tratamento de vazios e de lanternins. No novo volume em concreto é introduzida a cor, tanto na pintura em vermelho terroso no acesso como nas pequenas janelas redondas de cores primárias.
O projeto da Casa Maria Carolina, dos escritórios Estúdio Artigas e Sheila Altmann trata-se de uma renovação de uma casa construída na década de 1940. Com a demolição de paredes, a lógica organizacional dos espaços foi invertida e foram acrescentados reforços estruturais pintados de amarelo. O vermelho e azul podem ser encontrados em elementos como mobiliário, pisos e portas.
A reforma do apartamento Itaim, concebida pelo escritório Manore Arquitetura, teve como objetivo proporcionar amplitude, espaço e modernidade ao apartamento de mais de 30 anos. Uma estante em madeira imbuia com painéis coloridos inspirados na obra de Mondrian cria um ambiente para a sala de TV, permite uma maior permeabilidade visual e contribui para a identidade estética do apartamento.
A Servete Maçi é uma escola primária localizada em Tirana, capital da Albânia, e projetada pelo Studioarch4. O principal material usado na fachada é o concreto aparente, pigmentado em várias partes, como no ginásio e biblioteca, de forma a dar vitalidade e dinamismo ao projeto.
A estrutura do Schoolyard Pavilion, localizado nos arredores de uma escola primária em Luxemburgo, é feita com oito painéis pré-fabricados de madeira laminada cruzada com cortes nas paredes para fixação dos vidros de segurança fixos coloridos. O projeto assinado pelo escritório Holweck Bingen Architectes foi pensado para proteção da chuva.
Fonte: ArchDaily