Postado em 12 de fevereiro de 2021 por sn-admin
Artesãos tecnológicos”, eles desenham e montam protótipos de mobiliários que não só funcionam, mas levam uma pegada sustentável
No universo do design, o simples tem vez. Pensando assim, um grupo de recém-formados de diferentes áreas – dois deles arquitetos e urbanistas – vem desenhando e executando mobiliário completo. Feitos em MDF e madeira compensada, levam um visual minimalista para os ambientes sem recorrer ao estilo luxuoso. Pelo contrário: garantem que a beleza está no simples e funcional – sem que o custo pese no bolso de quem compra
De cadeira multiuso, banquinho de “amarrar cadarço”, luminária a sapateira, esses objetos ainda se encontram na fase de prototipagem, isto é, são apenas testes na escala real. Porém, a ideia dos mobiliários é mostrar a assinatura autoral da equipe Co-fab (de “co-fabricação”) aliada a uma produção regionalizada. Ainda, carregar um conceito estético e funcional mais contemporâneo para o público sul-mato-grossense.
“Essas grandes marcas e lojas de design fazem o cliente pensar que os produtos são todos ‘bacaninhas’ porque foram elas que desenharam e testaram tudo. E o preço alto é na realidade devido ao próprio nome, do status da etiqueta. No nosso caso, o design vem de um artesanato ‘automatizado’, rápido porém autoral. E já posso afirmar com toda a certeza que os nossos móveis não só garantem um design mais cuidadoso mas também um preço bem mais acessível”, garante Eduardo Azevedo Medeiros, o arquiteto de 23 anos que atua na Co-fab.
O coletivo surgiu na época da faculdade, na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), quando Eduardo e o amigo Paulo Domingos participante do projeto acadêmico Algo+ritmo, que estuda e trabalha com novos métodos de projeto – seja arquitetura, urbanismo ou até mesmo concepção de móveis – por meio da medição digital.
Experimentando novas tecnologias como a impressora 3D, softwares de programação e materiais recicláveis, os dois foram concebendo aquela prática como uma frente profissional.
“Ao fazer um projeto de uma casa, por exemplo, – ou qualquer outro tipo de edificação – não somente nos envolvíamos na arquitetura do espaço, mas também no design visual, no planejamento de mobiliário personalizado, na organização do layout e de outras questões específicas nesse processo, tanto de menor quanto ao de maior escala”, relembra.
Com a redução de pessoas na equipe e também das linhas de atuação, o conceito do grupo passou a ser somente apenas o design de móveis. “Somos agora em 4 pessoas, onde desenhamos, projetamos e fazíamos as modelagens 3D, as chamadas mock-ups, além dos protótipos ‘reais’, todo mundo junto”, esclarece Eduardo.
Atualmente, cada objeto é fabricado com sobras de MDF e chapas de compensado, sendo assim de forma mais sustentável, prática e barateada – sem esquecer do design simples porém arrojado.
“Tudo é de encaixe, ou seja, fácil de montados e desmontar. É levar a praticidade para o uso. E isso não foi feito só pensando em jovens não, mas para quem quiser. Nas nossas conversas ‘de rua’ e nas redes sociais, já temos observado uma curiosidade bacana das pessoas, de todas as idades”, diz.
E acrescenta: “as nossas inspirações seguem a linha minimalista, como por exemplo nos designs escandinavos e também as referências advindas do design open source, aquele que promove o livre licenciamento e da esquematização do produto. O que pudermos deixar mais simplificado, mais ‘arredondado’, melhor”, destaca.
O lema, segundo eles, são móveis que funcionem, sejam bonitos e que, ao baterem o olho, as pessoas fiquem com aquela vontade de ter um em casa.
No ano passado, o Co-fab participou do edital e foi um dos incluídos no Programa Centelha da Fundect (Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de MS), que visa estimular a criação de empreendimentos inovadores e disseminar a cultura empreendedora no Estado.
Devido a pandemia do novo coronavírus, o dinheiro demorou a chegar. Agora, a startup de design e arquitetura pretende não só lançar um site destinado à venda dos seus móveis, mas ainda comprar maquinários e ferramentas que ajudem na fabricação mais automatizada e “em massa”.
“No momento, trabalhamos em parceria com uma marcenaria local e projetamos direto de nossas casas. Assim que tivermos o nosso próprio espaço e as máquinas, vão surgir ainda outros produtos, de pequenos aos grandes, tudo isso por meio da tecnologia que não só permite replicação da ideia mas fabricação em massa”, finaliza.
Fonte: Campo Grande News