Dois escritórios de Curitiba são indicados a prêmio que seleciona os melhores projetos de arquitetura das Américas

Postado em 17 de março de 2022 por

Dois escritórios de arquitetura baseados em Curitiba foram indicados ao Prêmio Mies Crown Hall Americas (MCHAP), oferecido pelo Instituto de Tecnologia de Illinois, em Chicago, que busca reconhecer os melhores projetos de arquitetura das Américas a cada dois anos. São o Saboia+Ruiz Arquitetos, com a Unidade Básica de Saúde Parque do Riacho, em Brasília, e o Estúdio 41, com a Estação Comandante Ferraz, na Antártica, e o edifício da Fecomércio do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre.

Foram considerados apenas projetos finalizados entre janeiro de 2018 e junho de 2021. A organização do prêmio ainda não divulgou quantos escritórios foram indicados ao todo, mas explica, por meio de nota, que os trabalhos foram eleitos por uma rede global de 140 experts anônimos do setor.

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​Em comum, os três edifícios desenvolvidos pelos escritórios de Curitiba são resultado de concursos públicos de projeto de arquitetura, como ressalta o arquiteto Alexandre Ruiz.

UBS Parque do Riacho

O edifício foi idealizado na forma de três blocos retangulares deslocados com pátios em um grande lote quase cinco vezes maior que o projeto construído e com um entorno bastante desafiador, com linhas de alta de tensão e vias rápidas.

“O projeto se apoiou, portanto, em uma estratégia com dois focos de qualificação: o externo (espaço urbano) e o interno (humanização funcional). No exterior existe um tecido urbano a espera de diálogo entre o longo eixo linear de habitação social, o entorno agrícola e os combinados agro urbanos anteriormente estabelecidos”, afirmam os arquitetos no descritivo do projeto.

Por outro lado, os pátios internos induzem a uma atmosfera introspectiva, humanizando o ambiente físico hospitalar pela criação de um microcosmo de proteção e tranquilidade.

“Com sua escala humana, os pátios se tornam espaços exteriores domesticados, sua função é trazer luz natural aos ambientes através de um paisagismo controlado. São espaços protegidos das intensas correntes de ar, sombreados, isolados dos ruídos exteriores e conectados com a natureza, além de conferirem ao projeto limites claros e facilitarem a setorização entre os blocos de atendimento”, explicam.

A estrutura tem lajes suspensas do solo, pilares metálicos e sistema de cobertura estruturado por treliças metálicas. O fechamento externo se dá por placas pré-moldadas de concreto, elementos vazados pré-fabricados e esquadrias de estrutura metálica.

O véu externo é de dupla camada: cobogós e vedações de vidros, cujo distanciamento entre camadas permite que o perímetro dos blocos sirva como galeria de controle térmico, bem como circulação interna entre consultórios e demais instalações.

Estação Comandante Ferraz

O projeto do escritório curitibano Estúdio 41, que venceu o concurso internacional de arquitetura para a nova estação brasileira na Antártida em 2013, ainda no governo Dilma Rousseff, foi finalizado em janeiro de 2020 com 4,5 mil m² e unidades modulares que abrigam 60 pesquisadores e 17 laboratórios.

O novo complexo substituiu a obra de 1984, parcialmente destruída por um incêndio em 2012. O edifício prima por uma uma seção construtiva modular e foi erguido para resistir a rajadas de vento que passam dos 100 Km/h e à variação térmica da região, com temperaturas que ultrapassam os 50°C negativos.

“Um abrigo, um lugar seguro. A nova casa do Brasil na Antártica. Um lugar de proteção e reunião das pessoas para a produção do conhecimento científico. Assim foi encarada a tarefa de projetar a nova Estação Antártica Comandante Ferraz”, resumem os arquitetos à frente do Estúdio 41.

O vazio deixado pelo incêndio ocorrido em 2012 carregava de simbolismo a importância dessa nova construção. “Ela representa a presença brasileira na Antártica como possibilidade de contribuição científica em conjunto com a comunidade internacional, e representa também uma oportunidade de desenvolvimento tecnológico para a arquitetura brasileira e para a indústria nacional”, ressaltam os profissionais do escritório.

Sede da Fecomércio RS

A proposta fez uma interpretação do diálogo entre o espaço modificado pelo ser humano e o ambiente natural, uma vez que o terreno fica em uma área de encontro de Porto Alegre com sua região metropolitana.

“Partindo do princípio de que os artefatos criados pelo homem transformam a paisagem; construindo ou destruindo os objetos presentes no espaço; entende-se a possibilidade de transformar a região onde se insere o conjunto edificado, criando lugares em que os artifícios produzidos pelo homem – os edifícios – se constituam numa extensão da natureza, estabelecendo assim uma relação amigável entre as edificações e os espaços abertos”, explica o Estúdio 41.

A intenção de uma intervenção do porte do Sistema Fecomércio RS tem o poder de renovar, induzir e qualificar seu entorno imediato. Entendendo a força dessa ideia, propõe-se que boa parte dos espaços projetados possa ser utilizada, além dos usuários e colaboradores, pela comunidade local.

“Entende-se que um dos principais desafios esteja constituído em como fortalecer o caráter institucional de um conjunto de edifícios que tem a missão de representar três instituições – Fecomércio, Sesc, Senac – tão fortes e sólidas para a sociedade, em um único complexo”, frisam os arquitetos do Estúdio 41.

Fonte: Gazeta do Povo