Durabilidade e Sustentabilidade podem ser sinônimos: o exemplo dos tijolos

Postado em 28 de março de 2022 por

É crucial considerar o impacto ambiental futuro de tudo o que criamos. As mudanças climáticas continuam no topo da agenda global e todos os setores devem participar da meta de alcançar o Net Zero, ou neutralidade em carbono. Uma das indústrias mais desafiadoras diz respeito à construção, que desempenha um papel vital no processo de descarbonização e enfrenta constantemente desafios para se tornar mais verde. Portanto, exige técnicas inovadoras e desenvolvimento de dados para encontrar processos novos e sustentáveis. Uma solução é introduzir e projetar materiais mais limpos e eficientes. Os tijolos são um bom exemplo, pois podem ser usados na construção civil para garantir um processo circular e minimizar as emissões de carbono, sendo um material extremamente durável que pode ser produzido com técnicas mais sustentáveis.

A chave para edifícios que duram gerações
A produção de materiais de madeira emite menos CO2 do que tijolos. Isso é inegável. No entanto, o que muitas vezes não é considerado na conta é que a madeira pode requerer manutenções contínuas depois, como tratamento de superfície e pintura, enquanto os tijolos têm uma vida útil muito longa, tornando-os facilmente reutilizáveis ​​e recicláveis ​​se forem cuidadosamente desmontados. Ou seja, os tijolos criam um desenvolvimento circular, o que permite um maior valor ao longo do tempo. Estes consistem em argila modelada e cozida, que é uma matéria-prima natural, derivando de depósitos na superfície da Terra causados ​​pelo intemperismo da pedra.

Sendo um produto fabricado há milhares de anos, com poucas grandes mudanças nos processos, sempre há a possibilidade de melhorar sua performance. A empresa Randers Tegl tem a visão de se tornar o fabricante mais sustentável de tijolos e telhas. Eles desenvolveram uma nova linha de produtos chamada GREENER, produzidos exclusivamente com biogás e eletricidade de turbinas eólicas para reduzir seu impacto ambiental em 50%. Os produtos contam com documentação completa na forma de EPD, para que seja possível utilizar o produto em programas de cálculo técnico, quantificando da melhor forma possível os impactos da edificação construída. Randers Tegl pretende assumir a responsabilidade e pensar sustentável como parte do alcance da meta do Net Zero, tanto em termos de como os materiais de construção afetam o clima e como os materiais envelhecem, mas também com foco na arquitetura.

Nova sede para a Danish Crown
Os tijolos Greener foram escolhidos para revestir a nova sede da Danish Crown, empresa dinamarquesa que também tem buscado uma declaração em termos de arquitetura e sustentabilidade, alinhados à sua filosofia. O projeto está sendo desenvolvido pelo escritório de arquitetura dinamarquês CEBRA com visões cristalinas: “Se projetarmos para a longevidade, isso diminui a pegada climática total de um edifício. Portanto, a durabilidade tem sido um elemento chave no projeto da sede da Danish Crown, onde enfatizamos o uso de materiais sólidos, que durarão por décadas e exigirão manutenção mínima. Além disso, projetamos um edifício flexível que pode se adaptar ao longo do tempo para atender às necessidades em constante mudança de seus usuários – o que também prolongará a vida útil do edifício”. – Mikkel Frost, arquiteto e sócio fundador, CEBRA Architects.

Os 250.000 tijolos Greener fornecidos pela Randers Tegl garantirão que as metas de consumo de energia, clima interno e materiais na construção sejam cumpridas. Escolher Greener em vez de tijolos convencionais poupou a edificação de mais de 66 toneladas de emissão de carbono. O cálculo foi realizado pela Søren Jensen Consulting Engineers, que demonstrou que o GWP (Global warming potential) é alterado em 1,42% somente com a substituição dos tijolos. Além disso, a nova sede será certificada com DGNB Gold e Heart. Essas verificações afirmam que o edifício é saudável e confortável para os funcionários com foco especial na qualidade do ar, conforto térmico, acústica e qualidade arquitetônica.

Nas certificações DGNB, os critérios são ponderados entre si. Isso significa que a sustentabilidade nessa perspectiva consiste em obter uma pontuação alta nos critérios individuais, além de criar um equilíbrio entre os diferentes pontos. Ao utilizar o Greener-brick nas construções, a pontuação DGNB do edifício é elevada em 2,75 pontos, o que demonstra a significativa redução de dióxido de carbono do Greener quando comparado aos tijolos comuns.

Sustentabilidade requer desenvolvimento constante
No momento, eles estão trabalhando em uma viga de tijolos historicamente longa que está sendo feita na Carlsberg Bjælker, um braço independente do Grupo Randers Tegl com mais de 20 anos de experiência na área de produção de elementos de tijolos pré-fabricados. A viga adornará a área de entrada e servirá como uma atração visual de 16,5 metros de largura embelezada com o logotipo da empresa. Isso é apenas uma pequena parte da visão de Randers Tegl de evoluir constantemente para contribuir com a ambiciosa meta do Net Zero.

“Acreditamos que o desenvolvimento contínuo é crucial para o objetivo de um futuro neutro em CO2; em termos de dados, produção e em colaboração com nossos clientes. Com este projeto, temos a oportunidade de mostrar que nossa documentação da baixa pegada de CO2 da série Greener pode ser usada diretamente nos cálculos de um edifício certificado pela DGNB. E não tenho dúvidas de que, a longo prazo, será um requisito inevitável para projetos maiores.” – Svend Roed Larsen, Consultor DGNB, Randers Tegl.

Com a emergência climática tornando-se uma pauta cada vez mais quente, é vital que a construção civil faça uma pesquisa por novos materiais sustentáveis, técnicas construtivas inovadoras, mas também melhorar o desempenho do que já existe e sabemos que funciona. Materiais tão antigos como o tijolo, com pequenas melhorias no processo de fabricação podem contribuir para um futuro mais sustentável e descarbonizado. Como a empresa Randers Tegl cita, “O caminho para a arquitetura Net Zero pode ser pavimentado com tijolos”.

Fonte: Archdaily