Postado em 10 de janeiro de 2024 por sn-admin
CASAS • NOVA LIMA, BRASIL
Arquitetos: Diana Radomysler, Mariana Ruzante, Regiane Leão, studio mk27 – marcio kogan
Área: 1100 m²
Ano: 2020
Fotografias:Joana França
Fabricantes: Caixilhos Technosystem, Hayden, MG Mármores, Silmar, Topseal, Trespa
A Casa de Minas é o primeiro projeto do Studio mk27 em Minas Gerais, interior do Brasil. Nos arredores de Belo Horizonte, a casa paira sobre as montanhas de Minas Gerais. Situadas em um terreno especialmente íngreme, duas lajes de concreto desenham fortes linhas horizontais. Para elevá-la até 10 metros acima do solo, surge uma sequência de pilares, disfarçados entre os troncos das árvores do jardim que reconstituem a floresta tropical original. Traçando um claro contraste com o muro de contenção faraônico vizinho, que ocupa um local tão dramático, suspender a casa sobre palafitas permite que a água da chuva drene e que a casa respire.
A partir da rua, a casa parece não ser mais do que uma simples caixa de madeira. A complexidade volumétrica que constitui 3 caixas e duas plataformas só pode ser vislumbrada a partir do outro lado do vale. Ela é acessível através de uma ponte: uma estrutura de conexão que pontua a lacuna entre os espaços públicos e privados sem utilizar nenhum elemento de obstrução.
Ao entrar pela fachada de madeira, um vidro quadrado enquadra a vista da montanha e cria uma expectativa do que está por vir. A escada convida a descobrir a plataforma abaixo. Lá, a sequência de entrada leva a um pórtico, após o qual se chega ao generoso espaço aberto da sala. A luz invade o interior através da fachada envidraçada, que pode ser completamente retraída. De um lado, são reveladas as vistas cativantes, enquanto o outro lado é protegido por uma longa prateleira: um suporte para contar histórias e as lembranças da família.
Na extremidade da sala, estão os painéis de madeira pivotantes abertos em direção ao terraço oeste, onde a piscina se beneficia da exposição abundante ao sol. A plataforma serve como um deck de observação. Neste espaço residencial, todas as funções são cobertas para tornar possível a vida cotidiana, mas a contemplação e a reflexão sobre a passagem do tempo estão no centro de sua essência.
Esta plataforma também abriga uma caixa de madeira opaca que envolve a cozinha, lavabo e o quarto principal no canto. Dois lados do quarto são cobertos com painéis de madeira ripados que podem dobrar e deslizar, revelando uma nova perspectiva do horizonte voltado a Leste.
Descendo mais um nível, chega-se a uma terceira caixa de madeira, suspensa e em balanço com relação a plataforma. Imersos em copas de árvores, esta é a área mais íntima, e acomoda os quartos, a sala de TV e a adega.
As proporções equilibradas da casa são realçadas pela paleta de materiais. As placas de concreto expõem sua textura aparente sobre os tetos, e os pisos são revestidos de basalto. Por sua vez, as três caixas programáticas de madeira inserem calor no ambiente e apresentam uma variedade de texturas táteis ricas.
Em toda sua extensão, é uma casa muito calma: sua presença na rua, sua flutuação sobre a inclinação, a composição sucinta dos materiais, as diferentes relações com a vista e até mesmo sua decoração… Algumas requintadas peças brasileiras de meados do século são utilizadas de forma muito esparsa, com cheios e vazios entre cada uma, permitindo que os traços de cada designer sejam plenamente sentidos e apreciados. É uma casa a ser desfrutada com toda a atenção.
Fonte: Archdaily
