Postado em 13 de abril de 2022 por sn-admin
Desempenho do segmento não deverá ser afetado pela conjuntura econômica de juros altos, aumento da inflação e proximidade das eleições presidenciais
O desempenho do mercado imobiliário de alto padrão neste ano não deverá ser afetado pelos fatores que sinalizam uma conjuntura de desaceleração econômica até o terceiro trimestre, como juros altos, aumento da inflação e eleições. O segmento residencial — que registrou um crescimento histórico de 226% em lançamentos no ano passado na comparação com 2020, de acordo com o resultado anual do Indicador Abrainc-Fipe — vai se manter em alta, embora com um ritmo menos acelerado, avaliam empresários e analistas do setor imobiliário.
As expectativas favoráveis a lançamentos e aquisição de terrenos, aferidas pela quarta edição do Indicador de Confiança do setor imobiliário residencial, são uma excelente sinalização de crescimento para o setor, na avaliação do presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), Luiz França. “Os indicadores mostram que os empresários esperam manter o ritmo dos negócios em vez de reduzi-lo, apesar da cautela exigida pelo momento econômico”, afirma.
França argumenta que a expectativa de elevação de preços dos imóveis deve aquecer o mercado e trazer mais oportunidades — especialmente porque os valores cobrados pelo metro quadrado no Brasil estão bem abaixo dos níveis de preços praticados no mercado internacional. “A tendência é de valorização, a exemplo do que ocorreu nos últimos anos em alguns importantes bairros da cidade de São Paulo. No período de dez a 15 anos, um imóvel adquirido por algo como R$ 8 mil o metro quadrado hoje está com a metragem avalia-da em R$ 50 mil”, compara.
A análise consensual é que a demanda por imóveis de luxo é inelástica, e que o desejo por mais conforto, espaço e praticidade, despertados a partir do isolamento social imposto pela pandemia, mantém-se como mola propulsora da excelente performance da incorporação imobiliária de alta renda. “O que pode ocorrer, sim, é uma redução da procura por imóveis com perfil de investimento. Mas, dentro de perfil residencial com objetivo de moradia, a demanda por projetos luxuosos deverá continuar forte ao longo deste ano”, avalia o sócio-diretor da Inti Empreendimentos, André Kiffer.
Segundo ele, principalmente porque a decisão de compra pelo cliente potencial no segmento de alto padrão não é influenciada por variações de ordem conjuntural, como a realização de eleições, aumento dos índices de inflação, alta de juros e revisão de expectativa do PIB para baixo.
O analista-chefe do Setor Real Estate na XP, Ygor Altero, destaca a resiliência do mercado de alta renda, concordando ainda que a de-cisão de compra por parte dos clientes mais sofisticados independe dos desdobramentos da política econômica do país. “Isso ocorre desde que o consumidor identifique no produto um maior valor agregado, como de fato vem ocorrendo com o lançamento de empreendimentos de altíssimo padrão e projetos diferenciados”, diz ele.
Sylvio Pinheiro, diretor da G+P Soluções, também aposta na manutenção da curva de crescimento do segmento de imóveis de alto padrão ao longo deste ano. “O mercado de luxo tem crescido no mundo inteiro em todos os setores. De bebidas a carros, de roupas a mansões, o mundo nunca consumiu tanto. Entendo que o mercado imobiliário continuará a crescer no Brasil”, conclui.
A expectativa da diretora da Precisão Empreendimentos Imobiliários, Sonia Chalfin, é de forte tendência de crescimento nos próximos meses. “Crescemos 35% no ano passado na comparação com 2020, mesmo com a pandemia. Foi um crescimento substancial diante do cenário que estamos atravessando.E, para este ano, as projeções estão ainda mais ousadas. Queremos focar mais em imóveis no Leblon (Zona Sul do Rio de Janeiro) e no entorno do bairro, além de abrir mais uma filial”, diz ela.
Fonte: Valor de imóveis